Pressão Interna: Restaurantes dos EUA Pedem Fim de Tarifas sobre Café e Carne do Brasil
O Alerta da Indústria: Custo e Disponibilidade em Risco
A política de tarifas do presidente Donald Trump contra o Brasil começa a enfrentar uma forte resistência interna, vinda de um dos setores mais capilares da economia americana. A Associação Nacional de Restaurantes dos Estados Unidos, que representa meio milhão de estabelecimentos, enviou uma carta dura ao governo alertando para o impacto severo do tarifaço e pedindo a isenção para produtos essenciais como café e carne bovina.
No documento, enviado na véspera do decreto que confirmou a taxa de 50% sobre os produtos brasileiros, a associação argumenta que a medida trará “grandes desafios à cadeia de suprimento”, afetando o custo e a disponibilidade de produtos essenciais para os cardápios americanos. O apelo destaca que os preços da carne bovina já estão em níveis recordes, e uma nova tarifa sobre a carne importada do Brasil impactaria diretamente o valor de itens populares como hambúrgueres e tacos.
A Lógica do Setor vs. a Retórica da Casa Branca
O lobby dos restaurantes tenta introduzir racionalidade econômica em uma decisão puramente política. A carta ressalta que, embora o setor concorde com a necessidade de equilibrar balanças comerciais, os alimentos e bebidas não contribuem de forma significativa para os déficits americanos e, portanto, deveriam ser poupados. A crítica se torna ainda mais contundente ao se analisar os dados oficiais: os EUA são superavitários na balança comercial com o Brasil, o que desmonta qualquer justificativa econômica para as tarifas punitivas.
Fica claro que a medida de Trump não visa corrigir desequilíbrios comerciais, mas sim usar a força econômica como um instrumento de pressão política, ecoando as tensões sobre o julgamento de Jair Bolsonaro. A reação dos empresários americanos, no entanto, mostra que a tática pode gerar um efeito bumerangue, prejudicando a própria economia que o presidente alega defender.
A Perspectiva Brasileira: Inviabilidade e Adaptação
Do lado brasileiro, o sentimento é de que a sobretaxa torna a exportação inviável. Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), afirmou categoricamente que “essa taxação inviabiliza as exportações“, mas mantém a esperança de que uma negociação possa reverter o quadro. Enquanto isso não acontece, as grandes empresas do setor, como Minerva, JBS e Marfrig, já se movimentam para se adequar.
As estratégias de adaptação incluem o uso de suas plantas fabris localizadas nos próprios EUA ou o redirecionamento das vendas para outros mercados, como o México, que recentemente superou os Estados Unidos como segundo maior destino da carne brasileira. A crise, portanto, força uma diversificação que pode, a longo prazo, fortalecer o setor contra futuras instabilidades políticas.
Da redação com informações do Estadão
Redação do Movimento PB [GME-GOO-01082025-2339-15P]