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Crise com EUA expõe urgência de soberania digital, afirma Ministra Esther Dweck

A Vulnerabilidade na Nuvem: O Alerta do Governo Lula

A crise diplomática e comercial com os Estados Unidos, deflagrada pelas tarifas do presidente Donald Trump, está forçando o Brasil a encarar uma de suas mais profundas vulnerabilidades estratégicas: a dependência tecnológica. Em uma declaração contundente, a ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, afirmou que o país precisa urgentemente reduzir sua dependência dos serviços de nuvem providos pelas big techs americanas.

Durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), Dweck conectou diretamente o tarifaço à segurança nacional. “Os serviços de nuvem [usados pelo governo] ainda são basicamente fornecidos pelas big techs. Temos um gap tecnológico muito grande, precisamos reduzir nossa dependência”, disse a ministra. Ela alertou que, no atual cenário, o Brasil enfrenta a “possibilidade efetiva de algum tipo de sanção de determinadas empresas contra nosso país”, o que poderia comprometer dados e serviços públicos essenciais.

O Plano de Reação: A Corrida por Data Centers Nacionais

A resposta do governo a essa vulnerabilidade já está em andamento. O Brasil aposta em uma nova política nacional para a implementação e atração de data centers, com um potencial de investimento estimado em impressionantes R$ 2 trilhões na próxima década. A estratégia visa criar um ecossistema nacional robusto, incentivando empresas brasileiras a oferecerem os serviços de nuvem hoje dominados por gigantes como Google e Amazon.

O plano de ação envolve duas frentes principais: a criação de incentivos fiscais e a garantia de segurança jurídica para os centros de dados. Aliada à reforma tributária, a nova política pretende reduzir a pesada carga de impostos sobre equipamentos de TI, que correspondem a 85% dos custos de um data center. A articulação é intensa, incluindo reuniões do ministro Fernando Haddad com executivos no Vale do Silício para apresentar o projeto e atrair capital.

O Caminho Longo para a Autonomia

Apesar da ambição do projeto, a ministra Esther Dweck mantém os pés no chão. Ela reconhece que a construção de uma infraestrutura digital soberana é um projeto de longo prazo. Segundo Dweck, embora o trabalho na infraestrutura física já tenha começado, “vai levar um tempo para a gente realmente ter autonomia e soberania nisso”.

A crise com os EUA, portanto, funciona como um catalisador para uma política de Estado que se mostra cada vez mais indispensável. A busca por soberania digital deixa de ser um tema abstrato de tecnologia e se consolida como um pilar fundamental para a segurança e a autonomia do Brasil no século XXI, uma lição que o tarifaço de Trump está ensinando da maneira mais dura.

Da redação com informações de Poder360

Redação do Movimento PB [GME-GOO-01082025-2351-15P]

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