Trump Abre Porta para Diálogo com Lula, mas Culpa Governo Brasileiro pela Crise
O Convite e a Acusação de Trump
Em um movimento característico de seu estilo político, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma mensagem dúbia ao Brasil nesta sexta-feira. Ao mesmo tempo em que acenou com uma possibilidade de diálogo, ele culpou diretamente a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela atual crise diplomática e comercial. Questionado sobre o tarifaço, Trump declarou: “Lula pode me ligar ‘quando quiser’”.
A aparente abertura, no entanto, veio acompanhada de uma farpa direta. “Vamos ver o que acontece, eu amo o povo brasileiro”, disse o republicano, antes de completar: “As pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada”. A declaração coloca o ônus de iniciar uma conversa sobre o governo brasileiro, ao mesmo tempo em que reforça a narrativa da Casa Branca de que a crise é uma consequência de ações da administração petista.
O Silêncio Diplomático e a Dança das Cadeiras
A fala de Trump ocorre em um contexto de quase inexistência de diálogo entre os dois chefes de Estado. Desde que o republicano retornou à Casa Branca em janeiro, ele e Lula nunca conversaram. O primeiro encontro de alto nível entre as gestões ocorreu somente na última quarta-feira, entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.
Até o momento, o governo brasileiro tem adotado uma postura de aguardar uma iniciativa formal dos Estados Unidos para uma conversa. Segundo apuração do portal Poder360, o Planalto avalia que as declarações públicas de Lula manifestando interesse em negociar já servem como um convite, e que não seria necessário um pedido formal. A declaração de Trump, por outro lado, joga a responsabilidade de volta para Brasília, criando um impasse sobre quem deve dar o primeiro passo.
As Condições Brasileiras para a Conversa
O xadrez diplomático é ainda mais complexo devido às condições impostas pelo Brasil para qualquer negociação. A administração petista deseja que o diálogo com Trump se restrinja estritamente a temas comerciais, focando na suspensão das tarifas. Para o governo Lula, é inaceitável que a conversa inclua a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro, a regulação de big techs ou qualquer tema relacionado à atuação soberana do Poder Judiciário brasileiro.
Essa linha vermelha traçada pelo Brasil representa o verdadeiro nó da questão. Enquanto Trump usa as tarifas como um instrumento de pressão política ligado a esses temas, o Brasil se recusa a negociar sua soberania. O “convite” de Trump, portanto, parece ser mais uma manobra retórica do que uma real disposição para negociar nos termos que o Brasil considera aceitáveis, prolongando a incerteza nas relações entre os dois países.
Da redação com informações de Poder360
Redação do Movimento PB [GME-GOO-01082025-2353-15P]