Alerta da OPAS: ‘Tempestade’ de Doenças Crônicas Ameaça Colapsar Economia do Brasil e da América do Sul
Uma “grande tempestade no horizonte”. É com este tom de urgência que um novo relatório da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em colaboração com a Universidade de Harvard, alerta para o impacto devastador das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) и dos transtornos de saúde mental na América do Sul. Segundo o estudo, entre 2020 e 2050, as perdas econômicas com essas enfermidades podem ser equivalentes a todo o PIB anual da América Latina e do Caribe, somando gastos com saúde e queda de produtividade.
O Custo da Inação: Um Prejuízo de Trilhões
O modelo analítico desenvolvido pelos pesquisadores projeta uma perda total de US$ 7,3 trilhões para 10 países sul-americanos no período. O Brasil, por sua grande população, é o país que enfrentará as maiores perdas, com um prejuízo estimado em impressionantes US$ 3,7 trilhões. No caso brasileiro, as doenças cardiovasculares serão o principal motor desse impacto econômico. O relatório aponta duas causas principais para essa crise iminente: o envelhecimento acelerado da população e a alta exposição a fatores de risco evitáveis, como tabagismo, dietas não saudáveis, sedentarismo, consumo de álcool e poluição do ar.
O Investimento que se Paga: Soluções Custo-Efetivas
Apesar do cenário alarmante, o diretor da OPAS, Jarbas Barbosa, ressalta que “temos ferramentas para deter esse processo”. O relatório destaca uma série de intervenções de baixo custo e alto impacto recomendadas pela OMS, como impostos sobre tabaco, álcool e bebidas açucaradas, rotulagem frontal clara nos alimentos e vacinação contra o HPV. O investimento nessas ações é economicamente vantajoso. “Para cada dólar investido nessas intervenções, o retorno estimado é de dois a três dólares“, afirmou Silvana Luciani, chefe da Unidade de DCNTs da OPAS.
A Conexão Mente-Corpo: Saúde Mental como Pilar da Saúde Pública
Uma das recomendações mais fortes do relatório é a integração do tratamento de saúde mental com o manejo de doenças crônicas. “Quando uma pessoa consulta por diabetes, devemos também avaliar seu estado emocional”, exemplifica o assessor da OPAS, Matías Irarrázaval. A lógica é que mente e corpo são inseparáveis e tratá-los em conjunto salva vidas e reduz custos drasticamente. O argumento econômico é poderoso: “Cada dólar investido no tratamento da depressão e da ansiedade gera pelo menos quatro dólares em benefícios econômicos“.
O relatório da OPAS e de Harvard é um chamado à ação que refuta a ideia de que a saúde é um “gasto”. Pelo contrário, investir em prevenção, atenção primária e saúde mental é a estratégia econômica mais inteligente que o Brasil e a América do Sul podem adotar. A “tempestade” pode ser devastadora, mas é evitável. A questão, como conclui o relatório, não é se os países podem se dar ao luxo de investir em saúde, mas se podem se dar ao luxo de não o fazer.
Tradução e adaptação de artigo publicado na Medscape
Redação do Movimento PB [GME-GOO-08082025-2006-15P]