Supercomputador do PBIA com 5 mil GPUs e RISC-V coloca Brasil no mapa da IA em 2026
Investimento de R$ 1,8 bilhão, ancorado pelo FNDCT, mira HPC e IA para governo, academia e empresas
O governo federal prepara, para 2026, a estreia de um supercomputador que será a espinha dorsal do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA). Com cerca de 5 mil GPUs e arquitetura RISC-V, a máquina — orçada em R$ 1,8 bilhão — ficará sob coordenação do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e atenderá pesquisa pública, serviços do Estado e o setor produtivo, com ênfase em PMEs que precisam treinar e rodar modelos de IA em escala.
O eixo financeiro que viabiliza a infraestrutura foi consolidado em maio de 2025 com a criação do programa IA Brasil, o 11º do FNDCT, destravando R$ 5 bilhões para ações até 2028. Segundo o secretário de Transformação Digital do MCTI, Henrique Miguel, entre 30% e 35% das metas do PBIA já estão em execução, e a aquisição do supercomputador é o passo mais visível da estratégia.
Infraestrutura, localização e custo recorrente
A instalação ainda está em disputa — propostas como a do Rio de Janeiro cumprem requisitos de energia, refrigeração, conectividade e segurança. Além do investimento inicial, a operação demandará cerca de US$ 50 milhões/ano em manutenção. O dimensionamento, com ênfase em HPC + IA, replica a tendência internacional, em linha com projetos recentes na Europa e em outros polos tecnológicos.
Ecossistema e cooperação internacional
O PBIA busca integrar universidades, institutos e empresas em redes de P&D. Há projetos conjuntos com Unicamp, Instituto Eldorado e o Centro Nacional de Supercomputação de Barcelona (BSC) para desenvolvimento de hardware e modelos de linguagem. No plano externo, o Brasil firmou parceria com o Chile e negocia com Portugal e Espanha, mirando um LLM latino-americano e, adiante, cooperação ampliada com BRICS e G20. Detalhes institucionais do LNCC podem ser conferidos no site oficial: lncc.br.
Ações já entregues e pipeline
- Lançamento do Observatório Brasileiro de IA, mapeando iniciativas, centros de referência e demandas regulatórias.
- Criação/ampliação de 7 INCTs em IA e 5 centros de P&D, com atenção ao Centro-Oeste e Norte.
- Capacitação de servidores, com a ENAP e o Ministério da Gestão alinhando IA para serviço público e compras de inovação.
- Trilha de fomento privada: R$ 1 bi em financiamentos via BNDES até junho/2025; e R$ 4,5 bi em projetos de IA aprovados pela Finep nos últimos três anos.
RISC-V e GPUs: por que essa combinação importa
A aposta no RISC-V — um conjunto de instruções aberto — reduz dependências proprietárias e favorece customização e coprodução com parceiros. Já as GPUs sustentam o processamento massivo paralelo indispensável a treinamento e inferência de IA generativa e científica. O desenho híbrido (HPC + IA) atende desde climate tech e energia até saúde, agro, cidades e defesa cibernética.
Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos técnicos…
Pense no supercomputador como uma usina elétrica de cálculo que abastece muitos “bairros” ao mesmo tempo: universidades, repartições públicas e empresas. As GPUs são como esteiras industriais que executam milhares de tarefas em paralelo, acelerando treinos de IA. O RISC-V funciona como um alfabeto aberto para projetar processadores sob medida, evitando ficar preso a “idiomas” proprietários. Já o HPC é a modalidade olímpica do cálculo: resolve simulações e análises que um computador comum levaria anos para concluir — e faz isso em horas ou dias.
Regulação, compras públicas e tração de mercado
No Congresso, o governo prepara contribuições ao PL 2338/23 para fortalecer encomendas tecnológicas, compras de inovação e o acesso de PMEs à infraestrutura. A ideia é transformar a capacidade computacional em serviços contratáveis, com governança de dados, critérios de segurança e métricas de impacto. Em paralelo, o MEC desenha ações para IA nas escolas, formando massa crítica e encurtando a distância entre laboratório e mercado.
O que esperar até 2026
Com a licitação da máquina, a definição do sítio técnico e a consolidação de parcerias, o PBIA tende a inaugurar um ciclo em que capacidade computacional vira capacidade produtiva. Se o país sustentar o custo recorrente, atrair fornecedores e padronizar o acesso compartilhado, o supercomputador deixará de ser um “monumento” para se tornar plataforma — um efeito multiplicador que alavanca pesquisa aplicada, acelera produtos e organiza cadeias inteiras de valor em torno da IA.
Da redação com informações de Convergência Digital
Redação do Movimento PB [P5GT-OAI-17082025-B3D9A2-G5T]