PBPolicial

A Paraíba em Chamas: Guerra sangrenta entre Comando Vermelho e Okaida explode violência e instala terror nas ruas

Com aumento de 400% nas mortes violentas, estado se torna campo de batalha para facções que usam táticas de terror, espionagem e lavagem de dinheiro para consolidar o monopólio do tráfico.

A Paraíba vive sob o signo do medo. Uma guerra declarada entre a facção carioca Comando Vermelho (CV) e o grupo local Okaida transformou o estado, especialmente a Grande João Pessoa, em um campo de batalha sangrento pelo controle do tráfico de drogas. A violência não é mais pontual; ela explodiu. Apenas em 2023, o número de mortes violentas ligadas a essa disputa cresceu assustadores 400%. A recente operação policial que prendeu 24 pessoas e bloqueou R$ 125 milhões do CV é apenas a ponta do iceberg de uma estrutura criminosa que se infiltrou no estado com táticas de terror, espionagem e uma audácia sem precedentes.

O que antes era um conflito restrito ao submundo do crime agora transborda para o cotidiano da população. A estratégia do Comando Vermelho para tomar o território da facção rival não poupa civis nem o patrimônio público. Em um episódio que ilustra a crueldade da disputa, integrantes do CV incendiaram um ônibus no bairro Padre Zé, em João Pessoa, em uma tentativa maquiavélica de culpar a Okaida. O objetivo, segundo a polícia, era duplo: desestabilizar o rival e manipular as forças de segurança para que o líder da Okaida, conhecido como “Vaqueirinho”, fosse transferido para um presídio federal, enfraquecendo seu comando.

De racha local à filial do crime nacional

Para entender a escalada da violência, é preciso voltar no tempo. A Okaida nasceu no sistema prisional paraibano e, por anos, dominou o cenário local, fazendo e desfazendo alianças com gigantes como o PCC e o próprio Comando Vermelho. No entanto, rachas internos e disputas de poder abriram uma brecha fatal. O Comando Vermelho do Rio de Janeiro, percebendo a oportunidade, iniciou uma ofensiva para cooptar antigos líderes da Okaida, oferecendo poder e recursos. O principal nome nessa articulação foi Flávio de Lima Monteiro, o “Fatoka”, que se tornou o chefe do CV na Paraíba, comandando a guerra diretamente do Complexo do Alemão, no Rio.

A facção carioca não chegou de forma amadora. Eles implementaram uma estrutura de guerra sofisticada, que inclui até mesmo um sistema de vigilância de alta tecnologia. Em bairros de Cabedelo, os criminosos instalaram câmeras em postes, árvores e até forçaram moradores a aceitarem os equipamentos em suas casas. Com esse sistema, “Fatoka” e sua cúpula monitoravam remotamente, do Rio de Janeiro, qualquer movimentação da polícia na Paraíba, antecipando operações e protegendo seus pontos de venda de drogas. A ousadia demonstra um nível de organização que desafia abertamente o Estado.

O rastro de sangue e a soberania em xeque

Enquanto as facções travam sua batalha pelo monopólio do tráfico, a população paraibana é quem paga o preço mais alto. A paz social foi sequestrada. A queima de ônibus, as execuções em plena luz do dia e a cooptação de comunidades pelo medo são sintomas de um estado que vê sua soberania ser desafiada por organizações que operam com a lógica da guerra. A operação policial, embora importante, revela a profundidade do problema: a Paraíba não luta mais contra criminosos locais, mas contra uma filial de uma das maiores e mais violentas organizações criminosas do continente.

A guerra pelo controle do tráfico na Paraíba deixou de ser um problema de polícia para se tornar uma questão de segurança existencial para o estado. A tranquilidade de cidades como João Pessoa, Cabedelo e Bayeux foi substituída pela tensão constante. O aumento vertiginoso da violência é a prova mais cruel de que, quando o crime organizado decide fincar sua bandeira, o primeiro território perdido é a paz do cidadão comum.

Redação do Movimento PB

Redação do Movimento PB [NMG-OGO-05102025-F8G2H1-13P]