CiênciasInteligência ArtificialTecnologia

Governo Federal planeja lançar ConversAI, seu próprio chatbot de IA


O Governo Federal está próximo de lançar o ConversAI, um chatbot de inteligência artificial desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) para uso em órgãos públicos. Projetado para operar nos moldes do ChatGPT, o sistema já está em fase de testes no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), com a Receita Federal como próximo órgão a implementá-lo. Essa iniciativa reflete um esforço estratégico para garantir soberania digital, mantendo dados sensíveis do governo e dos cidadãos em servidores nacionais, dentro do conceito de “nuvem soberana”.

Por que desenvolver uma IA proprietária?

A criação do ConversAI responde à necessidade de proteger informações confidenciais, evitando o uso de plataformas estrangeiras que poderiam expor dados a legislações internacionais, como o Cloud Act dos EUA, que obriga empresas americanas a fornecerem dados armazenados mesmo em servidores fora do país. Com processamento e armazenamento realizados exclusivamente em solo brasileiro, o governo busca reduzir riscos de vazamentos e fortalecer a segurança cibernética, uma prioridade em tempos de crescentes ameaças digitais.

O Serpro, responsável pelo desenvolvimento, tem expertise em soluções tecnológicas para o setor público, como o sistema do Imposto de Renda. A escolha por uma IA proprietária também reflete uma visão de autonomia tecnológica, permitindo ao Brasil personalizar a ferramenta para atender demandas específicas de órgãos públicos, como atendimento ao cidadão, análise de dados estatísticos e suporte jurídico. Especialistas destacam que, além da segurança, o ConversAI pode reduzir custos de longo prazo ao eliminar a dependência de serviços de big techs como OpenAI ou Google.

Os testes iniciais no IBGE e na PGFN demonstraram resultados promissores, com a plataforma lidando com tarefas como consultas automatizadas e processamento de informações internas. Essa abordagem alinha-se a uma tendência global de governos investirem em tecnologias soberanas, especialmente em nações que buscam equilibrar inovação com proteção de dados estratégicos.

Implicações para a administração pública e a soberania digital

O ConversAI é parte de um programa mais amplo de “nuvem soberana”, que visa centralizar o armazenamento e processamento de dados governamentais em infraestrutura nacional. Essa estratégia é crucial em um contexto onde informações sensíveis – de cadastros fiscais a dados de saúde pública – são alvos de ciberataques e interesses geopolíticos. Evitar plataformas estrangeiras mitiga riscos associados a legislações como a FISA americana, que permite vigilância de dados sob pretextos de segurança nacional.

  • Benefícios potenciais: Maior controle sobre dados sensíveis, redução de custos com serviços externos e agilidade em processos administrativos.
  • Desafios técnicos: Garantir escalabilidade e desempenho comparáveis a soluções globais, exigindo investimentos contínuos em P&D.
  • Impacto social: O projeto fortalece a confiança do cidadão na proteção de seus dados, essencial para programas como o Gov.br.

Críticos, no entanto, alertam para possíveis limitações. A falta de transparência sobre o cronograma de implementação e os custos do ConversAI levanta questões sobre a viabilidade de competir com sistemas maduros como o ChatGPT, que contam com bilhões em investimentos privados. Além disso, o sucesso dependerá da capacitação de servidores públicos para integrar a ferramenta em fluxos de trabalho, evitando gargalos operacionais.

Perspectivas para o futuro da tecnologia pública

O lançamento do ConversAI posiciona o Brasil entre os países que priorizam a soberania digital, como China e União Europeia, que também investem em tecnologias próprias. A expansão para a Receita Federal sugere que a ferramenta pode se tornar um pilar da modernização administrativa, agilizando serviços e reduzindo filas em atendimentos virtuais. Contudo, o governo deve garantir que o desenvolvimento do ConversAI seja acompanhado de auditorias independentes e padrões éticos de IA, evitando vieses algorítmicos que poderiam comprometer a equidade no atendimento ao cidadão.

Em um mundo onde a tecnologia molda o poder global, o ConversAI é mais do que um chatbot: é uma declaração de autonomia. Se bem executado, o projeto pode transformar a administração pública brasileira, combinando eficiência com segurança, mas exige vigilância para que promessas técnicas não se tornem apenas retórica política. O Movimento PB acompanha de perto esse avanço, reconhecendo seu potencial para inspirar políticas de inovação inclusivas e soberanas.

Da redação com informações da Folha de S.Paulo.

Redação do Movimento PB [GKO-AIX-18102025-GOVERN-16P]