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Canudo para detectar metanol em bebidas é desenvolvido na Paraíba e deve custar apenas R$ 2

Pesquisa da UEPB cria tecnologia simples e acessível que muda de cor ao identificar substâncias tóxicas; produto já foi apresentado ao Ministério da Saúde

Um projeto desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) promete revolucionar a segurança alimentar no país. Trata-se de um canudo especial, capaz de detectar metanol em bebidas adulteradas — substância tóxica que pode causar cegueira e até a morte. O dispositivo muda de cor ao entrar em contato com o contaminante e deve chegar ao mercado por cerca de R$ 2, segundo os responsáveis pelo estudo.

A proposta já foi apresentada ao Ministério da Saúde, que informou ao portal UOL estar analisando de forma inicial essa e outras tecnologias de detecção rápida de bebidas contaminadas. O avanço foi resultado de uma pesquisa financiada pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), com investimento de R$ 725 mil — verba que também possibilitou a criação do Laboratório de Tecnologia da Cachaça em Campina Grande.

De acordo com o professor Félix Brito, integrante do Programa de Pós-Graduação em Ciências Agrárias da UEPB, o método foi testado em 462 amostras de cachaça produzidas no estado. “Nosso objetivo inicial era verificar se havia contaminação nas cachaças paraibanas, mas o resultado foi tão promissor que o projeto ganhou alcance nacional”, explica o pesquisador.

O estudo teve início em 2023 no Laboratório de Química Analítica e Quimiometria da instituição. Neste ano, os resultados foram publicados em dois artigos científicos na prestigiada revista Food Chemistry, uma das mais respeitadas do mundo nas áreas de química e bioquímica de alimentos. O reconhecimento internacional reforça o potencial do projeto como ferramenta de prevenção em larga escala.

Além do canudo, a equipe também criou um método inovador para detectar metanol em bebidas ainda lacradas, sem necessidade de abrir o recipiente. O sistema utiliza radiação infravermelha para identificar compostos estranhos à composição original. Quando a luz incide sobre a bebida, as moléculas vibram em frequências específicas, permitindo que o sistema identifique adulterações.

Os dados são processados por um aplicativo conectado a uma tela que indica, em segundos, se há presença de metanol, adição de água ou até uso de etanol veicular. “O método é rápido, sem reagentes químicos e alcança 97% de precisão”, destaca o professor David Fernandes, coautor do artigo.

Segundo os pesquisadores, a combinação dos dois métodos — o canudo reativo e o detector óptico — pode transformar o controle de qualidade de bebidas artesanais e industriais no Brasil. A acessibilidade da tecnologia também é um diferencial, já que o custo reduzido possibilita sua adoção em bares, eventos e até uso doméstico.

Com a chancela científica da UEPB e apoio da Fapesq, a Paraíba se coloca mais uma vez na vanguarda das inovações em segurança alimentar e tecnológica. O projeto, que nasceu de uma preocupação local com a pureza da cachaça, agora desponta como solução global contra o consumo de bebidas adulteradas.

Da redação, com informações da UEPB e do portal UOL.

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