Saúde

Tratamento da Apneia do Sono Pode Reduzir Significativamente o Risco de Parkinson, Aponta Estudo

Tratamento da Apneia do Sono Pode Reduzir Significativamente o Risco de Parkinson, Aponta Estudo
Imagem criada por Inteligência Artificial a partir de prompt da redação.

Uma nova pesquisa lançou luz sobre a relação entre a apneia obstrutiva do sono (AOS) e a doença de Parkinson (DP), sugerindo que a AOS não é apenas um fator de risco significativo, mas um que pode ser modificado através de tratamento precoce. O estudo, apresentado no American Academy of Neurology (AAN) 2025 Annual Meeting e publicado na JAMA Neurology em 24 de novembro, aponta que o uso de pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) pode reduzir substancialmente o risco de desenvolver a doença neurodegenerativa.

A Conexão entre Sono e Saúde Neural

A apneia obstrutiva do sono é caracterizada por interrupções repetidas na respiração durante o sono, levando a quedas nos níveis de oxigênio. Dr. Lee Neilson, neurologista e professor assistente na Oregon Health & Science University e principal autor do estudo, explicou a lógica por trás da descoberta. “Se você para de respirar e o oxigênio não está em um nível normal, seus neurônios provavelmente também não estão funcionando em um nível normal. Some isso noite após noite, ano após ano, e isso pode explicar por que corrigir o problema usando CPAP pode construir alguma resiliência contra condições neurodegenerativas, incluindo Parkinson”, afirmou Neilson em um comunicado.

Embora estudos anteriores já tivessem indicado uma ligação entre AOS e DP, esta pesquisa é pioneira ao investigar se o tratamento com CPAP pode realmente alterar a incidência da doença de Parkinson.

Metodologia Abrangente e Resultados Reveladores

Os pesquisadores analisaram dados de mais de 11,3 milhões de veteranos dos EUA, com idade média de 60,5 anos, extraídos do US Department of Veterans Affairs Corporate Data Warehouse. Foram excluídos indivíduos com registros incompletos ou com menos de 40 anos. A identificação de AOS e DP foi baseada em códigos da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), e a DP foi definida por um histórico mínimo de cinco anos de registros médicos antes do primeiro código e duas prescrições de medicamentos para Parkinson.

Após ajustes para fatores como idade, sexo, raça, etnia e histórico de tabagismo, os resultados foram contundentes:

  • AOS foi associada a um risco quase duas vezes maior de Parkinson (razão de risco [HR], 1,92; P < 0,001) em comparação com indivíduos sem a condição.
  • Em seis anos de acompanhamento, a AOS foi ligada a 1,61 casos adicionais de DP por 1000 indivíduos.
  • A associação foi mais forte em mulheres do que em homens.
  • Tanto a AOS leve quanto a grave foram associadas a um risco elevado de DP incidente (leve: HR, 3,17; grave: HR, 3,42; P < 0,001).

CPAP: Uma Ferramenta de Prevenção?

O dado mais animador do estudo reside na capacidade do CPAP de modificar esse risco. O uso do aparelho dentro de dois anos após o diagnóstico de AOS foi associado a uma redução de 31% no risco de Parkinson (HR, 0,69; P < 0,001) em comparação com a ausência de tratamento com CPAP. Essa associação permaneceu robusta mesmo após ajustes para outros fatores de risco, como IMC, comorbidades vasculares, distúrbio comportamental do sono REM, hipersonia, condições psiquiátricas, hipertensão e histórico de lesão cerebral traumática.

Além da potencial redução do risco de Parkinson, o uso precoce de CPAP também foi associado a taxas menores de quedas, fraturas e mortalidade, reforçando a importância do tratamento para a saúde geral dos pacientes.

Limitações e Implicações Futuras

Os autores reconhecem que uma limitação chave do estudo foi a dependência de prontuários eletrônicos, o que impediu uma avaliação detalhada da adesão ao CPAP além da identificação de códigos administrativos. No entanto, os dados são claros: a apneia obstrutiva do sono parece ser um fator de risco modificável para a doença de Parkinson.

Este achado não só reforça a necessidade de triagem e intervenção precoces para distúrbios respiratórios do sono, mas também estabelece uma base clínica adicional para apoiar a saúde cerebral como uma estratégia fundamental na prevenção de doenças neurodegenerativas.

Da redação do Movimento PB.

[MPBAI | MOD: 2.5-FL | REF: 692A5C65]