Cientistas do MIT Revelam Circuito Cerebral Secreto que Edita Nossa Realidade Visual
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Em uma descoberta que redefine nossa compreensão sobre a visão, pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) identificaram um circuito cerebral até então desconhecido que não apenas processa o que vemos, mas molda ativamente nossa percepção visual com base em estados internos como atenção e alerta. O estudo, publicado na renomada revista Neuron, sugere que a visão é um processo muito mais dinâmico e personalizado do que se imaginava.
O Cérebro Como um Editor de Imagens
Tradicionalmente, a visão era vista como um processo passivo: os olhos captam a luz, o cérebro decodifica. No entanto, a equipe liderada pelo professor Mriganka Sur demonstrou que o córtex pré-frontal, a região associada ao planejamento e à tomada de decisões, atua como um maestro, enviando instruções personalizadas para as áreas visuais e motoras do cérebro. Essas mensagens não são genéricas; elas são específicas e ajustam o que deve ser amplificado ou suavizado em nosso campo de visão.
A pesquisa, que contou com a contribuição da pesquisadora Sofie Ährlund-Richter, revelou que o córtex pré-frontal não emite um único tipo de sinal para todo o cérebro. Em vez disso, ele cria mensagens sob medida para diferentes destinos, evidenciando um nível de precisão e controle antes inimaginável sobre a percepção visual.
Um Par de Reguladores: Amplificando e Reduzindo Estímulos
Dois setores cruciais do córtex pré-frontal foram destacados por suas funções complementares e até opostas: o córtex orbitofrontal (ORB) e a área cingulada anterior (ACA). Ambos transmitem informações sobre alerta e movimento para os córtices visual e motor, mas com efeitos distintos:
- A ACA (Área Cingulada Anterior) entra em ação quando o nível de alerta aumenta, ajudando o sistema visual a perceber detalhes com maior nitidez. Ela funciona como um amplificador de sinais fracos.
- O ORB (Córtex Orbitofrontal) atua em níveis de excitação muito altos, e seu papel é, surpreendentemente, reduzir a intensidade de estímulos que possam distrair, funcionando como um filtro para evitar sobrecarga sensorial.
Para desvendar esse mecanismo, os cientistas monitoraram a atividade cerebral de camundongos enquanto eles corriam em uma roda e observavam imagens, com jatos de ar ocasionais para aumentar seu estado de alerta. O mapeamento detalhado mostrou que ACA e ORB se conectam a tipos específicos de células em diferentes camadas dos córtices visual e motor, confirmando a precisão da modulação pré-frontal.
Implicações da Descoberta
A etapa final da pesquisa envolveu o bloqueio temporário das conexões entre o pré-frontal e o córtex visual. Os resultados foram claros: a ausência dessas vias alterou a forma como os neurônios visuais respondiam, confirmando que ACA e ORB exercem uma influência direta e diferenciada na codificação da imagem.
Para os autores, a principal conclusão é que o cérebro não é um mero receptor de dados sensoriais. Ele é um editor ativo e especializado, com cada sub-região pré-frontal ajustando seletivamente nossa percepção visual, em vez de aplicar um comando geral. Essa descoberta abre novas portas para entender como nossa mente constrói a realidade que percebemos.
Da redação do Movimento PB.