Vacina contra Herpes Zóster Apresenta Duplo Benefício: Prevenção e Potencial Terapêutico para Demência

Uma nova e empolgante linha de pesquisa sugere que a vacina contra o herpes zóster, conhecida por proteger contra a dolorosa doença viral, pode oferecer benefícios que vão muito além da imunização original. Estudos recentes indicam que esta vacina não apenas diminui o risco de desenvolver demência, mas também pode desempenhar um papel crucial no tratamento e na desaceleração da progressão da doença em indivíduos já diagnosticados.
Descobertas Promissoras em Pesquisa Recente
Cientistas da Universidade de Stanford, em colaboração com outras instituições, analisaram dados coletados após a introdução do programa de vacinação contra o herpes zóster no País de Gales, há mais de uma década. A abordagem permitiu aos pesquisadores observar um ‘experimento natural’ único, utilizando os registros de saúde robustos do Reino Unido.
Em 2013, o programa de vacinação galês estabeleceu critérios de idade claros: pessoas nascidas a partir de 2 de setembro de 1933 (com 80 anos ou menos na época) eram elegíveis para a vacina por pelo menos um ano, enquanto as nascidas antes dessa data não eram. Essa distinção permitiu que os pesquisadores comparassem grupos semelhantes de idosos, com o grupo não elegível servindo como controle.
Um Escudo Contra o Declínio Cognitivo
As descobertas iniciais, publicadas em abril, revelaram que indivíduos vacinados tinham 20% menos probabilidade de serem diagnosticados com demência ao longo de um período de sete anos. No entanto, a pesquisa mais recente, publicada na revista Cell, aprofundou esses achados, investigando o impacto da vacina nas diferentes fases da demência.
Utilizando a mesma metodologia, os pesquisadores constataram que pessoas vacinadas eram menos propensas a desenvolver comprometimento cognitivo leve (CCL), considerado o estágio inicial potencial da demência. Ainda mais notável é o achado de que, entre os casos de demência já diagnosticados, os indivíduos que receberam a vacina contra o herpes zóster apresentaram menor probabilidade de morrer em decorrência da condição.
Pascal Geldsetzer, professor assistente de medicina em Stanford e autor sênior do estudo, expressou seu entusiasmo à CNN: “Isso significa que a vacina não tem apenas um potencial preventivo, mas, de fato, um potencial terapêutico como tratamento, porque vemos alguns benefícios já entre aqueles que têm demência. Para mim, isso foi realmente emocionante e inesperado.”
Benefícios que Vão Além do Esperado
Embora esses estudos observacionais não possam provar definitivamente uma relação de causa e efeito, a metodologia inovadora da equipe supera muitas das limitações de pesquisas anteriores. A evidência acumulada sugere que os benefícios da vacina contra o herpes zóster são mais amplos do que se imaginava inicialmente.
Em outubro passado, por exemplo, outro estudo indicou que pessoas vacinadas contra o herpes zóster também apresentavam menor risco de desenvolver doenças cardíacas e acidente vascular cerebral, além de uma menor taxa de mortalidade em comparação com indivíduos não vacinados.
Atualmente, a vacina contra o herpes zóster é amplamente recomendada para todos os adultos a partir dos 50 anos, consistindo em duas doses. Com a dor intensa associada à doença e os crescentes indícios de proteção contra doenças cerebrais e cardíacas, o incentivo para se vacinar torna-se ainda mais robusto.
Da redação do Movimento PB.
