Lula condiciona visita aos EUA a pautas quentes com Trump

O Itamaraty intensificou as negociações diplomáticas para a possível visita de Estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos Estados Unidos. Após um recente telefonema entre Lula e Donald Trump, a expectativa é que o encontro ocorra entre março e abril de 2026. No entanto, o governo brasileiro deixou claro: a viagem só será anunciada e concretizada se houver avanços significativos em temas cruciais da relação bilateral.
Fontes do Palácio do Planalto indicam que o Brasil não pretende endossar uma visita de alto nível sem a garantia de “entregas” concretas. A diplomacia brasileira entende que um evento de tamanha magnitude deve gerar resultados palpáveis para ambos os países, reforçando a importância e a seriedade do compromisso.
Condições para a visita de Estado
A posição do Itamaraty é taxativa: a visita de Estado de Lula a Washington está condicionada a progressos em três frentes principais, consideradas sensíveis para a soberania e os interesses econômicos do Brasil:
- Redução ou revisão do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, que tem impactado negativamente as exportações brasileiras e gerado forte insatisfação em setores produtivos nacionais.
- Reavaliação do uso da Lei Magnitsky contra autoridades brasileiras, uma questão que Brasília considera politicamente delicada e potencialmente intrusiva nas relações diplomáticas.
- Avanço na negociação de um novo acordo de cooperação contra o crime organizado, proposta formalizada por Lula durante sua recente conversa com Trump, visando fortalecer a segurança e o combate à criminalidade transnacional.
Para o governo brasileiro, a concretização de ao menos uma dessas pautas seria suficiente para justificar a visita, elevando-a ao status de “Estado”, a categoria mais prestigiosa e simbolicamente relevante no protocolo diplomático.
Venezuela: um ponto de tensão regional
Durante o telefonema, Lula também expressou a Trump sua profunda preocupação com a possibilidade de uma ação militar dos Estados Unidos contra a Venezuela. O presidente brasileiro alertou para os riscos de desestabilização regional que uma ofensiva – seja ela aérea ou terrestre – poderia acarretar, quebrando uma longa tradição de paz na América do Sul.
Lula destacou os potenciais impactos humanitários, lembrando que crises anteriores na Venezuela já provocaram intensos fluxos migratórios para países vizinhos, incluindo Brasil, Colômbia e Equador. Contudo, relatos indicam que Trump não teria respondido diretamente ao comentário, sinalizando a ausência de um debate aprofundado sobre o tema.
Ainda que a possibilidade da visita esteja em discussão, a definição sobre qual líder fará o primeiro movimento – se Lula viajará aos EUA ou se Trump virá ao Brasil – permanece em aberto, dependendo do desenrolar das negociações entre o Itamaraty e o Departamento de Estado americano.
Da redação do Movimento PB.
