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Mike Deodato é consagrado na CCXP 2025, mas ironia marca ausência do paraibano no “quintal de casa”

Mike Deodato é consagrado na CCXP 2025, mas ironia marca ausência do paraibano no “quintal de casa”

Enquanto o quadrinista assina a arte oficial do maior evento pop do mundo em São Paulo, fãs lamentam que o “santo de casa” nunca tenha participado das três edições do Imagineland, na Paraíba.

A CCXP 2025, que encerra sua programação neste domingo (7) em São Paulo, tem como grande estrela do Artists’ Valley um gigante dos quadrinhos mundiais: o paraibano Mike Deodato. Homenageado oficial desta edição, o desenhista assina o pôster do evento com uma ilustração carregada de simbolismo, trazendo O Flama, personagem criado por seu pai, o lendário jornalista e roteirista Deodato Borges. No entanto, em meio à celebração do legado nordestino na capital paulista, uma ironia silenciosa ecoa entre os conterrâneos do artista.

Para o público da Paraíba, o destaque dado a Deodato no sudeste ressalta um paradoxo cultural. Enquanto ele é reverenciado como o “coração” da CCXP 25, o artista nunca integrou o line-up do Imagineland — evento que se propõe a ser a “CCXP do Nordeste” e que acontece justamente em João Pessoa. Após três edições realizadas no estado natal do quadrinista, a ausência de Deodato valida o velho ditado popular de que “santo de casa não faz milagre”.



A homenagem em São Paulo é, sem dúvida, merecida e histórica. Vencedor dos prêmios Eisner e Ringo, Mike Deodato é um dos nomes brasileiros de maior projeção internacional, com uma carreira que inclui décadas de exclusividade com a Marvel desenhando ícones como Vingadores, Hulk e Thor. O pôster da CCXP deste ano não celebra apenas sua técnica refinada, mas presta tributo a Deodato Borges e à geração que abriu os caminhos para as HQs no Brasil.

Legado global, distanciamento local

Durante a abertura do evento no Palco Omelete, Deodato relembrou sua trajetória, desde o início da carreira nos anos 1980 até a reinvenção de seu traço, que migrou de uma estética caricata para um realismo sombrio e dinâmico. Hoje focado em projetos autorais como The Resistance e Newthink, o artista mantém sua relevância global.

Contudo, para o cenário cultural paraibano, fica a reflexão sobre a desconexão entre os grandes eventos locais e os talentos formados na própria terra. Se a CCXP se encerra amanhã consagrando o talento da Paraíba para o mundo, resta a esperança de que, em um futuro próximo, o “milagre” aconteça também onde tudo começou.

Da redação do Movimento PB.

[GEMINI-MOVIMENTO-06122025-DEODATO-V18.2]