Economia

Bolha da IA: Até CEOs do Google e Microsoft já admitem

Bolha da IA: Até CEOs do Google e Microsoft já admitem
Bolha da IA: Até CEOs do Google e Microsoft já admitem

A discussão sobre uma possível bolha no mercado de Inteligência Artificial (IA) deixou de ser um mero burburinho de especialistas para se tornar uma preocupação explícita entre os maiores nomes da indústria. Sundar Pichai, CEO do Google, e Satya Nadella, da Microsoft, não escondem suas ressalvas sobre a “irracionalidade” que permeia o setor, mesmo enquanto a NVIDIA, sob a liderança de Jensen Huang, celebra lucros recordes com a venda de ferramentas para essa mesma revolução.

O Alerta do Google: Lições da Bolha da Internet

Sundar Pichai, em entrevista à BBC, foi direto ao ponto: ele enxerga “elementos de irracionalidade” no atual cenário da IA. O alerta é ainda mais contundente considerando que as ações da Alphabet (controladora do Google) dobraram em sete meses, alcançando uma capitalização de mercado de US$ 3,5 trilhões. Pichai traçou um paralelo com a bolha da internet do final dos anos 90, um período de investimentos excessivos que culminaram em falências e demissões, mas que, no fim, pavimentou o caminho para o impacto inegável da internet.

“Espero que a IA seja igual. Acho que há elementos de racionalidade, mas também de irracionalidade em um momento como este”, ponderou o CEO, sugerindo que, apesar do entusiasmo, a cautela é fundamental.

Microsoft e a Realidade dos Números

Satya Nadella, da Microsoft, compartilha o ceticismo, mas com uma abordagem mais pragmática. Para ele, inflar a percepção de que a Inteligência Artificial Geral (IAG) já é uma realidade é “apenas hackear testes sem sentido”, desvalorizando os benchmarks que geram tanto marketing. Nadella defende que o verdadeiro termômetro da IA deveria ser seu impacto no Produto Interno Bruto (PIB) dos países, tal como a Revolução Industrial impulsionou crescimentos de 5% a 10% – algo que a IA ainda não entregou.

Os números corroboram essa visão. A OpenAI, um dos maiores expoentes da IA, planeja investir US$ 1,4 trilhão em infraestrutura ao longo de oito anos, mas projeta uma receita de apenas US$ 13 bilhões para este ano. Até Sam Altman, CEO da OpenAI, já admitiu que investidores estão “muito entusiasmados” e que “alguém” perderá uma “quantia incrível de dinheiro”.

NVIDIA na Contramão: Lucrando com a “Corrida do Ouro”

Em meio a esse cenário de ressalvas, Jensen Huang, CEO da NVIDIA, apresenta uma perspectiva diferente. Com resultados espetaculares no terceiro trimestre, Huang afirmou que, para a NVIDIA, a “bolha da IA” é algo muito diferente. A empresa reportou receita de US$ 57 bilhões no último trimestre, um aumento de 62% em relação ao ano anterior, com lucro líquido de US$ 32 bilhões. Seu negócio de data centers, impulsionado pela venda de chips Blackwell, gerou US$ 51,2 bilhões, e as projeções para o quarto trimestre são ainda mais ambiciosas, com US$ 65 bilhões em receita.

A NVIDIA, portanto, não está apostando diretamente na rentabilidade dos modelos de IA, mas sim nas ferramentas que impulsionam essa “corrida do ouro”, vendendo os chips que alimentam os data centers e a infraestrutura necessária para o desenvolvimento da inteligência artificial.

O Dilema da Rentabilidade e a Crise Energética

Apesar dos lucros da NVIDIA, a maioria das empresas que desenvolvem modelos de linguagem ainda opera no vermelho. Google, Microsoft, Amazon e Meta estão alocando dezenas de bilhões de dólares na construção de data centers dedicados à IA, uma aposta de alto risco com rentabilidade incerta. Nadella aponta que a IA precisa de um “aplicativo matador”, algo equivalente ao que o Excel ou o e-mail representaram para o PC, para alcançar a adoção em massa e justificar os investimentos colossais.

Além da rentabilidade, surge uma limitação física alarmante: a energia. Nadella revelou que o maior obstáculo não é a escassez de chips, mas a capacidade de fornecimento energético para alimentá-los. “Não é que eu não tenha um suprimento suficiente de chips: é que eu não tenho onde conectá-los”, confessou. Essa demanda energética levou gigantes da tecnologia a considerar soluções drásticas, como a construção de pequenas usinas nucleares (reatores SMR) para seus futuros data centers, em um cenário onde as necessidades energéticas podem triplicar, segundo Rene Haas, CEO da ARM. A sustentabilidade dessa expansão é uma questão em aberto.

Apesar do fervor em torno da inteligência artificial, a cautela dos líderes do Google e da Microsoft, somada aos desafios de rentabilidade e infraestrutura energética, sugere que a estrada à frente é complexa. A bolha da IA, se é que existe, ainda não estourou, mas os sinais de alerta estão acesos, e o futuro dessa tecnologia promete ser tão revolucionário quanto desafiador.

Da redação do Movimento PB.

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