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Lâmpada PET: Gênio de Uberaba ilumina o mundo e corta a conta de luz

Lâmpada PET: Gênio de Uberaba ilumina o mundo e corta a conta de luz
Imagem criada por Inteligência Artificial a partir de prompt da redação.

A história de Alfredo Moser, um mecânico de Uberaba, Minas Gerais, é um testemunho da capacidade humana de inovar com simplicidade. Em 2001, ele criou uma lâmpada rudimentar, mas revolucionária, a partir de uma garrafa PET. O invento, que aproveita a luz solar para iluminar ambientes internos durante o dia, transformou-se em um farol de esperança e economia para milhões de pessoas ao redor do globo, reduzindo custos e levando claridade a lares que antes viviam na penumbra.

A inspiração para a lâmpada PET parece ter raízes profundas. Em 1990, Moser conta ter tido um encontro com Chico Xavier, que teria profetizado uma “luz” em sua vida, não apenas para ele, mas “do povo”. Onze anos depois, em sua oficina, a previsão ganhou forma: uma garrafa PET cheia de água e um pouco de água sanitária, instalada no telhado, passou a refratar a luz do sol, iluminando o ambiente com a intensidade de uma lâmpada de 40 watts. Era o nascimento de uma tecnologia acessível que, em pouco mais de duas décadas, sairia de Uberaba para inspirar projetos sociais em mais de 15 países.

Simplicidade Genial: Como a Luz Acontece

O funcionamento da “lâmpada de Moser” é um primor de engenharia popular. Uma garrafa PET transparente é preenchida com água potável e duas tampinhas de água sanitária, esta última para evitar a proliferação de algas e manter a clareza da água. A garrafa é então encaixada em um furo no telhado, com metade de sua estrutura exposta ao sol e a outra metade difundindo a luz para dentro do cômodo.

A instalação é simples e barata, selada com massa plástica para evitar infiltrações. Durante o dia, a luz natural é amplificada e espalhada uniformemente, eliminando a necessidade de acender lâmpadas elétricas, especialmente em casas sem janelas ou com pouca ventilação natural. Para Moser, não é um mero “enfeite”, mas uma ferramenta de sobrevivência para famílias que lutam contra a escuridão e os altos custos da energia elétrica.

De Uberaba para o Mundo: Um Brilho que se Multiplicou

A ideia de Moser cruzou fronteiras de maneira orgânica. Um jovem filipino, após conhecer o sistema pela internet, adaptou-o e coordenou a instalação de cerca de 140 mil garrafas-lâmpada em comunidades nas Filipinas, onde a eletricidade é um luxo. A solução também se espalhou por Índia, Bangladesh e Tanzânia, integrando programas de habitação e projetos de organizações sociais que buscam oferecer condições básicas de vida.

Em muitos desses locais, a lâmpada PET substituiu o uso de querosene ou óleo para iluminação diurna, reduzindo gastos e melhorando significativamente a qualidade de vida. O impacto social e ambiental chamou a atenção de instituições internacionais: a invenção foi exposta em um museu em Amsterdã, na Holanda, como exemplo de design social, e Moser palestrou em um congresso internacional de inovação na Coreia do Sul, compartilhando sua visão de tecnologia para todos.

Impacto Real: Economia e Transformação Social

A eficácia da lâmpada PET não é apenas teórica. Na própria casa de Moser, em Uberaba, a economia foi mensurada. Sua esposa, Carmelinda, relata que após instalar a lâmpada no banheiro – um ambiente onde a luz elétrica era constantemente acesa – a conta de energia registrou uma redução de cerca de 30% no mês seguinte. Para um casal de renda modesta, essa diferença representou um alívio real no orçamento.

Em outro relato emocionante, um casal em um país africano conseguiu, com a economia gerada pela lâmpada PET, poupar o suficiente para comprar o enxoval do primeiro filho. Moser frequentemente usa esses exemplos para ilustrar como uma inovação simples pode ter um impacto direto e profundo nas decisões de consumo e na qualidade de vida de famílias em situação de vulnerabilidade.

Legado Aceso: Conhecimento Livre e Acessível

A residência de Alfredo Moser em Uberaba tornou-se um ponto de peregrinação para curiosos, estudantes, jornalistas e representantes de ONGs. Ele e Carmelinda mantêm cadernos repletos de assinaturas de visitantes de todas as partes, ansiosos por aprender sobre a invenção. Há cerca de 15 anos, Moser repete o mesmo roteiro: explica a origem, demonstra a montagem e, crucialmente, insiste que a tecnologia deve permanecer aberta e sem patentes, para que qualquer pessoa possa replicá-la.

Moser também combate o preconceito estético, argumentando que muitos veem a garrafa no telhado como algo “feio” ou improvisado, sem compreender o valor intrínseco de economia e claridade que ela proporciona. A presença da lâmpada PET em um museu europeu, ao lado de peças de design de alto custo, eleva a invenção a um debate maior sobre sustentabilidade, acesso à tecnologia e desigualdade, reafirmando que a luz, em sua essência, é um direito básico.

Da redação do Movimento PB.

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