LATE: A nova doença que imita o Alzheimer e assusta os médicos
LATE: Uma Ameaça Silenciosa na Terceira Idade
Uma descoberta recente na área da neurologia está mudando a forma como entendemos as doenças que afetam a memória e a lucidez em idosos. A Encefalopatia TDP-43, conhecida como LATE (do inglês, Limbic-predominant Age-related TDP-43 Encephalopathy), foi reconhecida como uma síndrome distinta que afeta uma parcela significativa da população idosa.
Pesquisas indicam que a LATE atinge mais de 10% das pessoas com mais de 65 anos, e até um terço dos indivíduos com mais de 85 anos. O reconhecimento formal dessa condição tem implicações importantes para o diagnóstico e tratamento de pacientes idosos com declínio cognitivo.
Desafios no Diagnóstico
Um dos maiores desafios é que os sintomas da LATE, como perda de memória e demência, podem ser facilmente confundidos com os da doença de Alzheimer. O neurologista Greg Jicha, do Centro Sanders-Brown sobre Envelhecimento da Universidade de Kentucky, alerta que cerca de uma em cada cinco pessoas diagnosticadas com Alzheimer podem, na verdade, estar sofrendo de LATE.
A Busca por Respostas
O reconhecimento da LATE como uma entidade clínica separada é resultado do trabalho colaborativo de pesquisadores em todo o mundo. Em 2018, Pete Nelson, diretor associado do Centro Sanders-Brown, reuniu 35 especialistas em Alzheimer para analisar dados de autópsias cerebrais e pesquisas anteriores. Essa iniciativa foi motivada pela necessidade de encontrar um diagnóstico para uma parcela significativa de casos de demência que não se encaixavam no quadro do Alzheimer.
Causas e Fatores de Risco
Embora a causa exata da LATE ainda seja desconhecida, estudos apontam para a influência da variante genética Apolipoproteína E4 (APOE4), que também está associada ao Alzheimer e a condições vasculares. Acredita-se que a combinação de LATE e Alzheimer pode levar a um agravamento dos sintomas, incluindo psicose e incontinência urinária.
Distinguindo LATE e Alzheimer
Uma das principais diferenças entre as duas doenças está nos sintomas. Enquanto o Alzheimer afeta a capacidade de planejamento e execução de tarefas, a LATE tende a se manifestar principalmente através da perda de memória e dificuldade em nomear objetos. Além disso, as duas doenças apresentam diferenças biológicas distintas: o Alzheimer está relacionado a placas de amiloides e à proteína Tau, enquanto a LATE envolve acúmulos anormais da proteína TDP-43.
Impacto nos Estudos e Tratamentos
O reconhecimento da LATE também tem implicações importantes para os estudos de medicamentos anti-amiloide, que podem ter sido prejudicados pela inclusão de pacientes com LATE. Atualmente, o primeiro ensaio clínico para tratamento da LATE está em andamento na Universidade de Kentucky, utilizando o nicorandil, um medicamento aprovado para dores no peito.
Da redação do Movimento PB.