Desde 2018, o Brasil exporta mais para os países do Brics — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — do que para os Estados Unidos e a União Europeia (UE) somados. Esse movimento reflete uma mudança estrutural no comércio internacional brasileiro, impulsionada por acordos comerciais e diplomáticos.
Balança Comercial Favorável
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) indicam que a balança comercial com os Brics é favorável ao Brasil, ao contrário do que ocorre nas transações com EUA e UE. O aumento das exportações para o bloco emergente deve-se, principalmente, à liderança da China, maior parceiro comercial brasileiro desde 2009.
Em 2023, as exportações brasileiras para o Brics totalizaram US$ 123 bilhões, enquanto as vendas para EUA e UE somaram US$ 83,2 bilhões. A China sozinha foi responsável por 84,5% das vendas para o bloco, com destaque para commodities como soja, milho e minério de ferro.
Estratégia de Diversificação
Especialistas apontam que a aproximação com os Brics não significa abandono dos mercados ocidentais. Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações (ApexBrasil), destaca a busca pela diversificação de parceiros, incluindo Oriente Médio, África e leste asiático.
Robson Gonçalves, economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ressalta que fatores geopolíticos, como a guerra na Ucrânia e tensões comerciais, influenciam o comércio global e beneficiam o Brasil.
Perspectivas de Crescimento
O fortalecimento das relações comerciais e diplomáticas entre os membros do Brics, além da criação de mecanismos para facilitar o comércio, aponta para uma tendência de crescimento das exportações brasileiras. Silvana Schimanski, professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), afirma que a complementaridade econômica entre Brasil e China é um fator-chave para essa expansão.
Desafios e Oportunidades
Apesar do crescimento nas exportações para os Brics, o Brasil ainda enfrenta desafios para impulsionar a indústria de transformação e aumentar as vendas de produtos de maior valor agregado. O governo tem adotado políticas para a “neoindustrialização”, buscando fortalecer o setor e ampliar as exportações para mercados tradicionais, como EUA e UE.
Com uma estratégia voltada à diversificação e ao fortalecimento de laços com diferentes blocos econômicos, o Brasil busca equilibrar sua balança comercial e garantir novas oportunidades no cenário global.
Texto adaptado de CNN Brasil e revisado pela nossa redação.