A guerra pela internet: Empresário que desafiou o tráfico e a milícia é executado na Baixada Fluminense
Joanilson Silva Gonçalves Júnior, de 29 anos, foi morto a tiros em Magé após ignorar ameaças e tentar levar um serviço legal de internet a áreas dominadas pelo crime, expondo a face mais brutal da disputa pelo controle dos serviços clandestinos.
A expansão dos serviços essenciais para áreas carentes do Rio de Janeiro, um ato que deveria ser sinônimo de progresso e cidadania, custou a vida de um jovem empreendedor. Joanilson Silva Gonçalves Júnior, de apenas 29 anos, dono de um provedor de internet, foi brutalmente assassinado a tiros na última sexta-feira (10) enquanto dirigia pela BR-116, em Magé. A execução, realizada por dois homens em uma motocicleta, não foi um crime comum; para a polícia, é o capítulo mais recente e trágico da guerra silenciosa pelo controle dos territórios na Baixada Fluminense, onde o direito de escolher um serviço básico como a internet é ditado pela bala, e não pela livre concorrência.
A principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) aponta para uma retaliação direta do crime organizado. Joanilson, conhecido como Júnior Silva, estava em pleno processo de expansão de sua empresa, levando redes de fibra óptica para comunidades dominadas por milicianos e traficantes. Essas áreas são tratadas por esses grupos como feudos, onde serviços clandestinos de internet, a chamada “gatonet”, são impostos aos moradores como mais uma fonte de receita para suas atividades criminosas. Segundo os investigadores, o empresário já havia recebido ameaças claras para que interrompesse seu avanço, mas, em um ato de coragem ou talvez subestimando o perigo, ele ignorou os avisos e continuou seu trabalho.
O ataque foi cirúrgico e impiedoso. Enquanto dirigia, Joanilson foi alvejado pelos criminosos. Baleado, ele perdeu o controle do carro e colidiu na rodovia. Embora tenha sido socorrido e levado ao Hospital Municipal de Magé, não resistiu aos ferimentos. A polícia destacou que a vítima não possuía antecedentes criminais, reforçando o caráter do crime: a execução de um cidadão comum cujo “delito” foi tentar empreender legalmente em um território sem lei.
O assassinato de Joanilson Silva expõe a faceta mais perversa da atuação do crime organizado no Rio de Janeiro. Muito além do tráfico de drogas, as facções e milícias expandiram seus “negócios” para o controle de serviços básicos do dia a dia da população, como a venda de gás, o fornecimento de água e, cada vez mais, o acesso à internet. Eles não apenas exploram os moradores com serviços de péssima qualidade e preços abusivos, mas também eliminam violentamente qualquer concorrência que ouse desafiar seu monopólio. A morte de Júnior Silva não é apenas um homicídio; é um atentado contra o livre mercado, contra o direito de escolha do consumidor e, em última instância, contra a soberania do próprio Estado.
Enquanto a Polícia Civil realiza diligências para identificar os autores e mandantes do crime, a morte do jovem empresário ecoa como um alerta sombrio. Ela revela um Brasil onde, em pleno século 21, o simples ato de instalar um cabo de fibra óptica pode ser uma sentença de morte. A guerra pelo controle da internet na Baixada Fluminense é a prova de que a disputa territorial do crime organizado já transcendeu a segurança pública e se tornou uma barreira brutal ao desenvolvimento econômico e social, ceifando vidas e aprisionando comunidades inteiras em um cativeiro digital e real.
Redação do Movimento PB
Redação do Movimento PB [NMG-OGO-12102025-A1B2C3-13P]