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Crise climática: Brasil ignora perigo, diz especialista

Crise climática: Brasil ignora perigo, diz especialista
Crise climática: Brasil ignora perigo, diz Carlos Nobre

Calor extremo ameaça lavouras e a economia do país, alerta climatologista

O Brasil ainda não despertou para a gravidade da crise climática e seus impactos na economia. A avaliação é do climatologista Carlos Nobre, referência internacional no tema. Em entrevista exclusiva, Nobre adverte que o calor extremo já afeta a produtividade agrícola, urbana e energética, exigindo medidas urgentes de adaptação.

Segundo o pesquisador, culturas essenciais como arroz e trigo correm o risco de perder produtividade em diversas regiões do país devido às altas temperaturas. Frutas de clima frio, como pêra e maçã, também podem desaparecer do mapa agrícola nacional até 2050.

“Algumas culturas já migraram para o Sul, como pera e maçã, que precisam de clima frio. Mas até mesmo essas regiões, como Santa Catarina ou o planalto do Rio Grande do Sul, podem deixar de ser adequadas. Com mais de 2ºC de aumento até 2050, essas frutas terão de ser produzidas fora do Brasil”, afirma Nobre.

Ondas de calor derrubam produtividade e exigem adaptação

Nobre explica que as ondas de calor reduzem a capacidade de trabalho, provocam doenças e geram perdas econômicas graves, que ainda não estão sendo devidamente contabilizadas. Ele cita o exemplo da maior seca da história na Amazônia e um evento severo no Cerrado em 2024, que provocaram quebra recorde nas safras de várias culturas, com perdas de até 30% na soja.

Para mitigar os efeitos do calor, Nobre defende a adoção de práticas de agricultura e pecuária regenerativas, que mantêm a vegetação nativa e reduzem a temperatura local. Nas cidades, ele propõe a restauração florestal urbana e a instalação de vegetação nos telhados.

COP-30: Otimismo cauteloso para a próxima conferência

Apesar do desapontamento com a falta de consenso na COP-30 sobre temas como o fim dos combustíveis fósseis, Nobre se diz otimista em relação à próxima conferência, marcada para 2025, na Turquia. Ele acredita que há chance de convencer parte dos países que hoje resistem a avanços nas negociações.

Nobre faz um alerta para as eleições do ano que vem, quando os eleitores deverão evitar políticos negacionistas que ignoram os riscos da emergência climática. “Não importa a ideologia, direita, centro ou esquerda: não podemos eleger políticos populistas que ignoram os riscos da emergência climática”, conclui.

Da redação do Movimento PB com informações da entrevista publicada pelo Estado de São Paulo

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