Corretor detido por 4 meses nos EUA alerta sobre riscos da imigração irregular após deportação em voo patrocinado por Trump.
César Diego Justino, 32 anos, beijou o solo do Aeroporto de Confins (MG) na noite de sexta-feira (7) ao desembarcar de um voo com 96 brasileiros deportados dos Estados Unidos. Em entrevista, o corretor de imóveis de Jaraguá (GO) detalhou os quatro meses de detenção e as esperanças frustradas de garantir melhores condições para a família. “Fui tentar conquistar o que não consigo aqui: comprar casa, dar futuro aos meus filhos”, disse, visivelmente emocionado.
Trajetória e detenção
Justino ingressou nos EUA em outubro de 2023 pela fronteira com o México, seguindo rotas comuns de imigrantes irregulares. Após se entregar às autoridades, buscou asilo, mas enfrentou as novas regras migratórias do governo Biden, que restringem pedidos sem comprovação imediata de perseguição.
Condenado à deportação por não pagar fiança de US$ 5 mil em 48 horas, ele passou 125 dias em centros de detenção no Texas. “Passa fome, frio e solidão. É desumano”, desabafou.
Contexto político e voos de repatriamento
O voo que trouxe Justino integra a política de expulsões aceleradas sob o novo mandato de Donald Trump, que retomou deportações em massa. Na sexta-feira, 111 brasileiros foram repatriados — 96 desembarcaram em Belo Horizonte após escala em Fortaleza. A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, participou da recepção.
Alerta e recomeço
Agora em Goiás, onde deixou a esposa e dois filhos (2 e 10 anos), Justino planeja retomar a carreira imobiliária. Ele faz um apelo: “Se for tentar, vá com visto. A rota pelo México é perigosa e o custo emocional é alto”.
Questionado sobre o gesto de beijar o chão, respondeu: “Foi alívio. Mesmo derrotado, voltei vivo”.
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Texto adaptado de G1 e revisado pela nossa redação.