Especialista defende fim do serviço militar obrigatório e ingresso nas Forças Armadas por concurso público

Proposta visa maior eficiência e formação adequada para militares de carreira.

A professora Adriana Marques, especialista em Defesa e Gestão Estratégica Internacional pela UFRJ, defendeu o fim do serviço militar obrigatório no Brasil, propondo que o ingresso nas Forças Armadas seja feito exclusivamente por meio de concurso público. A declaração foi dada em entrevista à Revista Sociedade Militar.

Segundo Adriana, o serviço obrigatório não oferece um treinamento militar efetivo, concentrando-se em tarefas de natureza não-militar. Ela argumenta que o treinamento oferecido é básico demais para justificar a continuidade da obrigatoriedade.

“É [uma medida] inócua, pois o serviço militar obrigatório não oferece treinamento militar. A maior parte das tarefas que são desempenhadas pelas pessoas que fazem serviço militar obrigatório são tarefas não-militares”, afirmou.

Críticas ao serviço militar feminino

Adriana Marques também criticou o serviço militar inicial feminino, implementado pelo Ministério da Defesa em 2025, com previsão de início em 2026. Ela defende que a discussão deveria ser focada no fim do serviço obrigatório para todos, em vez de expandi-lo, ainda que de forma voluntária, para mulheres.

“A discussão deveria ser sobre o serviço militar obrigatório e não exceder esse serviço militar, mesmo ele sendo voluntário, para as mulheres”, opinou.

Revisão estratégica das Forças Armadas

Na primeira parte da entrevista, publicada em 22 de fevereiro, Adriana apontou que as Forças Armadas estão excessivamente envolvidas em atividades domésticas, o que enfraquece sua capacidade de defesa diante de cenários geopolíticos complexos. Ela sugeriu uma revisão estratégica para alinhar a atuação militar às necessidades de defesa nacional.

“Enquanto você não discute as etapas anteriores e tem uma política de Defesa que oriente isso, não adianta você fazer uma mudança de contingente militar”, destacou a especialista.

A proposta reacende o debate sobre a modernização das Forças Armadas e a eficiência do serviço militar obrigatório no Brasil.

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