Fuga de líder do Comando Vermelho expõe falhas na maior operação policial do Rio
Mais de 60 mortos e 70 homens de segurança revelam o poder do crime organizado nas comunidades da Penha e do Alemão
A megaoperação conjunta das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro, batizada de Operação Contenção, se tornou a mais letal da história do estado, com pelo menos 64 mortos e dezenas de presos. Realizada na terça-feira (28), a ação tinha como principal objetivo capturar o líder do Comando Vermelho (CV), Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca” ou “Urso”, mas ele conseguiu escapar, mesmo com cerca de 70 homens responsáveis por sua proteção direta.
De acordo com a apuração da CNN Brasil, o cerco ao traficante envolveu mais de 100 mandados de prisão nos Complexos do Alemão e da Penha. Fontes da inteligência policial relataram que Doca era protegido por um exército particular, com criminosos fortemente armados e treinados em táticas de guerrilha, o que explica a dificuldade das forças de segurança em alcançá-lo.
A operação resultou também na prisão de figuras-chave da facção, como Thiago do Nascimento Mendes, o “Belão”, operador financeiro do CV e braço direito de Doca. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o objetivo era frear a expansão territorial do grupo, que tem ampliado sua influência em diferentes regiões do estado.
Moradores da Penha relataram à imprensa que dezenas de corpos foram retirados de áreas de mata na Serra da Misericórdia e levados à Praça São Lucas. As imagens de corpos enfileirados nas ruas, registradas por agências de notícias, provocaram comoção nacional e reacenderam o debate sobre a violência policial e a eficácia das operações de confronto direto em comunidades densamente povoadas.
Apesar da magnitude da ação, o resultado foi amargo: além das mortes, quatro policiais também perderam a vida, entre eles dois agentes do Bope. O governador Cláudio Castro afirmou que o Estado “não recuará” diante do crime organizado, mas analistas alertam que o modelo de operação adotado pode ter ampliado o número de vítimas sem alcançar o objetivo principal.
O Disque Denúncia oferece recompensa de R$ 100 mil por informações sobre o paradeiro de Doca — o mesmo valor que, à época, foi oferecido por Fernandinho Beira-Mar. A fuga do líder do CV, mesmo com o maior aparato policial já mobilizado no Rio, escancara os limites estruturais e estratégicos das forças de segurança pública no enfrentamento às facções.
Especialistas em segurança pública lembram que a repressão isolada, sem políticas sociais e de inteligência mais amplas, tende a perpetuar o ciclo de violência nas favelas cariocas. Essas comunidades vivem sob domínio armado há décadas, e cada operação sem planejamento de longo prazo reforça o abismo entre Estado e população, apontam analistas.
Enquanto o país assiste ao desfecho trágico da Operação Contenção, cresce a pressão por uma revisão profunda das estratégias de combate ao tráfico e por uma atuação que priorize a inteligência, a prevenção e o respeito aos direitos humanos.
Com informações da CNN Brasil, Reuters e Estadão Conteúdo.
[GPT-MVP-29102025-8F3A1-V17]
