General Costa Neves Comenta Exercício Militar da Venezuela em Pacaraima: “Multiplicamos por 3 Nossa Capacidade”

Comandante Militar da Amazônia minimiza incidente na fronteira com Roraima e destaca investimentos em defesa.

Em entrevista ao programa Manhã de Notícias, da TV Tiradentes, nesta segunda-feira (10), o General Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves, Comandante Militar da Amazônia (CMA), abordou o exercício militar venezuelano que, em 23 de janeiro, adentrou alguns metros do território brasileiro em Pacaraima (RR). O incidente, que gerou surpresa entre militares, diplomatas e pânico na população local, foi tratado pelo general como uma ação rotineira da Venezuela, mas reforçou a prontidão e os avanços do Exército Brasileiro na região. “Era como se multiplicássemos por 3 nossa capacidade”, afirmou, destacando o fortalecimento das tropas na fronteira.

O Incidente em Pacaraima

O exercício venezuelano, parte da operação “Escudo Bolivariano”, pegou o Brasil desprevenido ao usar, sem aviso prévio, uma faixa de território em Roraima para manobras com veículos militares, violando acordos bilaterais. A população de Pacaraima temeu uma invasão, enquanto o Itamaraty reagiu rapidamente. O ministro Mauro Vieira cobrou explicações do chanceler venezuelano, Yván Gil, que classificou o avanço como “não intencional”, oferecendo desculpas pelo mal-entendido, segundo a Veja. Apesar da tensão, Costa Neves minimizou o episódio: “A Venezuela faz esse exercício com certa regularidade. Estivemos com nossas tropas prontas, como sempre estão.”

O general detalhou a resposta do CMA: em Pacaraima, o Pelotão Especial de Fronteira foi respaldado por um Esquadrão de Cavalaria Mecanizado, recentemente elevado a Regimento. “Nossa tropa está muito bem preparada, equipada com radares, material de guerra eletrônica e viaturas blindadas. Estamos prontos para garantir a soberania”, assegurou, em tom confiante.

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Investimentos na Amazônia

Responsável por 25% do território nacional e 62% das fronteiras terrestres brasileiras — mais de 9,7 mil quilômetros —, o CMA abrange Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia. Costa Neves aproveitou a entrevista para listar os investimentos recentes na região, que incluem viaturas Guaicurus, carros de combate Cascavel e mísseis anticarro. Ele também destacou a instalação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), um projeto de milhões de reais que amplia o sensoriamento e a capacidade de defesa.

“Tenho recebido muito apoio do Comandante do Exército, General Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva. Todas as demandas que apresento, ele responde positivamente. A Amazônia é peça fundamental para o país”, afirmou. O Sisfron, em particular, foi apontado como um salto tecnológico, oferecendo “apoio à decisão e às ações de defesa”, deixando as tropas em “condição excelente” para proteger a soberania e cumprir missões adicionais, como o combate ao garimpo ilegal e o apoio humanitário.

Contexto e Repercussão

O incidente em Pacaraima ocorre em um momento de tensões regionais, com a Venezuela intensificando exercícios militares em meio à disputa com a Guiana pelo território de Essequibo e à instabilidade política interna sob Nicolás Maduro. Em resposta, o Brasil reforçou sua presença em Roraima desde 2023, com o envio de blindados e o aumento de efetivo — de 70 para 130 militares no posto de Pacaraima, além de planos para 600 soldados permanentes, segundo o UOL. A transformação do Esquadrão em Regimento, citada por Costa Neves, reflete essa estratégia.

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A entrevista, reproduzida em imagem pela TV Tiradentes, gerou comentários nas redes sociais. Posts no X destacaram a fala do general: “Multiplicamos por 3 nossa capacidade” foi recebida com alívio por alguns, enquanto outros questionaram a falta de comunicação prévia da Venezuela. A calma do comandante contrastou com o susto inicial da população local, mas reforçou a narrativa de um Exército preparado para lidar com provocações na fronteira.

Um Sinal de Prontidão

Embora o episódio tenha sido resolvido diplomaticamente, ele expõe os desafios de gerenciar uma das regiões mais estratégicas do Brasil. Com sua experiência — incluindo passagens pela ONU no Congo e comando da Academia Militar das Agulhas Negras —, Costa Neves projeta confiança em um momento delicado. Os investimentos enumerados sinalizam que o CMA está se modernizando para enfrentar ameaças reais ou percebidas, enquanto a Amazônia permanece no centro das prioridades de defesa nacional.


Texto baseado em entrevista da TV Tiradentes e informações da Revista Sociedade Militar

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