Incêndio na COP 30 expõe falhas logísticas e gera críticas da imprensa mundial

Incêndio na COP 30 expõe falhas logísticas e gera críticas da imprensa mundial
O incêndio em um dos pavilhões da COP 30, em Belém, obrigou a evacuação do espaço de negociações e imediatamente repercutiu em veículos estrangeiros. As publicações destacaram tanto o episódio em si quanto problemas estruturais e de segurança que, segundo relatos, já vinham sendo apontados desde a preparação do evento. A leitura internacional adiciona pressão sobre os organizadores e sobre as autoridades brasileiras para oferecerem respostas rápidas, transparentes e baseadas em evidências.
Como a imprensa descreveu o episódio
O jornal britânico The Telegraph resumiu o clima do momento com a expressão “mergulhada no caos”, ao noticiar que a COP 30 foi interrompida após o fogo atingir uma área de conferências e forçar a evacuação. O site Politico, por sua vez, relatou depoimentos de testemunhas, entre elas o enviado italiano para o clima, Francesco Corvaro. Ele disse que estava em reunião no pavilhão do seu país, ao lado do local onde as chamas começaram, quando viu pessoas correndo e, em seguida, o fogo se espalhando.
Segundo Corvaro, a percepção inicial chegou a ser de que a movimentação poderia estar ligada à chegada de uma autoridade, antes de notar o incêndio avançando “muito rápido” pelo corredor até o teto. O registro ajuda a dimensionar a sensação de urgência e a necessidade de protocolos claros para eventos de grande porte, que reúnem milhares de pessoas e delegações de dezenas de países.
Protestos e interrupções nas negociações
A agência britânica Reuters lembrou que o incêndio não foi o primeiro fator a interromper as atividades da cúpula. Desde o início do encontro, protestos por ação climática mais ambiciosa e proteção florestal afetaram trechos da programação. Em conferências multilaterais dessa escala, interrupções são um risco conhecido; o ponto sensível, contudo, é como os organizadores mitigam o impacto e garantem a retomada segura e ordenada das discussões.
Do ponto de vista político, episódios desse tipo ampliam a visibilidade das pautas de movimentos sociais e exigem habilidade de mediação. Para que o processo negociador avance, é crucial que a segurança de participantes e trabalhadores esteja assegurada e que a organização comunique, com agilidade, as medidas tomadas e os prazos para normalização.
Gargalos logísticos e carta da ONU
Os jornais Clarín (Argentina) e a agência EFE (Espanha) reforçaram críticas à infraestrutura local e ao custo de hospedagem na capital paraense, apontados como problemas desde a preparação da COP 30. As publicações ressaltaram que a logística em Belém ficou pressionada pela combinação de alta demanda, oferta limitada e preços elevados, elementos que afetam tanto delegações quanto a imprensa e a sociedade civil.
Segundo o Clarín, assim que a conferência começou, a ONU enviou carta à Presidência do Brasil registrando problemas de infraestrutura no local das negociações e pedindo reforço de segurança após a invasão do espaço por um protesto indígena. A EFE foi na mesma linha, enfatizando os “graves problemas logísticos” e os altos preços de hospedagem que marcaram os meses anteriores ao evento.
O que está em jogo para a COP 30 — e para o Brasil
Para além do contratempo imediato, o episódio reabre uma discussão sobre padrões de governança em grandes eventos climáticos. A COP é, antes de tudo, um ambiente de negociação multilateral que depende de previsibilidade, conforto mínimo e segurança. Quando falhas logísticas se acumulam e incidentes ganham manchetes internacionais, o processo político perde tração e o país-sede vê sua capacidade de entrega colocada à prova.
Há, porém, uma oportunidade: incidentes expõem fragilidades e permitem correções com base em auditorias independentes, atualização de planos de contingência e reforço da comunicação de risco. A curto prazo, o essencial é garantir que instalações críticas estejam operando dentro de padrões internacionais de segurança contra incêndio, com rotas de fuga bem sinalizadas, redundância de energia e treinamento de brigadas. A médio prazo, é recomendável uma revisão de contratos de hospedagem, transporte e alimentação para reduzir assimetrias de preços e melhorar a experiência de delegações e da sociedade civil.
Do ponto de vista da agenda climática, o ruído operacional não pode suplantar a substância: metas de redução de emissões, financiamento para adaptação, proteção da Amazônia e transição justa. Ao mesmo tempo, a credibilidade do processo requer um ambiente de diálogo que acolha protestos pacíficos sem comprometer a segurança e a continuidade das sessões. É uma equação sensível, mas possível, quando prevalecem transparência, planejamento e coordenação entre esferas de governo e organismos internacionais.
Em síntese, a reação da imprensa estrangeira funciona como um alerta e um incentivo à melhoria. Se as autoridades responderem com clareza de diagnóstico, planos verificáveis e prazos públicos, a COP 30 pode transformar um revés em lição prática de gestão de risco — e preservar o foco da conferência no que realmente importa: soluções concretas, inclusivas e eficientes para a crise climática.
[Da redação do Movimento PB]
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