Lula afirma que Brasil vai taxar big techs dos EUA, apesar de pressão de Trump

Presidente rebate crítica americana e diz que soberania nacional prevalecerá sobre interesses de plataformas digitais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (17.jul.2025) que o Brasil vai cobrar impostos das big techs norte-americanas, mesmo diante da oposição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração foi feita durante a abertura do 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), realizado em Goiânia (GO).

Lula destacou que o posicionamento de Trump sobre o tema é baseado em desinformação e afirmou que o Brasil manterá sua postura soberana na regulação do mercado digital.

“Ele [Trump] não tinha informação da questão comercial. Eles [os EUA] são superavitários. Ele disse: ‘Eu não quero que as empresas de plataforma norte-americanas sejam cobradas no Brasil’. O mundo tem que saber que o Brasil só é soberano porque o povo brasileiro tem orgulho desse país. E eu queria dizer para vocês que a gente vai julgar e vai cobrar imposto das empresas digitais norte-americanas”, disse Lula.

Conflito comercial se intensifica com medidas de Trump

A fala do presidente ocorre poucos dias depois do anúncio de tarifas de 50% impostas por Trump sobre produtos brasileiros e da abertura de uma investigação comercial contra o Brasil. O governo dos EUA acusa o Planalto de adotar medidas que supostamente prejudicam big techs como Google, Amazon, Apple e Meta.

Essa escalada de tensões reaquece o debate sobre soberania digital, regulação tecnológica e dependência das plataformas estrangeiras no território nacional.

Multilateralismo como resposta ao unilateralismo

Lula também criticou a postura isolacionista de Trump nas relações internacionais e reforçou a importância do multilateralismo como ferramenta de equilíbrio entre os Estados.

“Eu nasci aprendendo a fazer negociação. Tenho certeza que o presidente norte-americano jamais negociou 10% do que eu já negociei na minha vida. Se tem uma coisa que eu sei fazer, é negociar. O Brasil é defensor do multilateralismo, porque depois da 2ª Guerra Mundial ele permitiu que os Estados vivessem com respeito à soberania. Nada é conseguido na marra, mas sim na boa conversa”, afirmou.

As declarações colocam o Brasil em rota de colisão direta com os EUA no campo digital e reforçam a disposição do governo Lula em liderar debates sobre tributação digital em fóruns internacionais.

Redação do Movimento PB [PTG-OAI-17072025-1123-4OT]