BR

“Ninguém Determinou que o Dólar é a Moeda Padrão”, Afirma Lula Após Cúpula do BRICS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou nesta segunda-feira (7 de julho de 2025) a necessidade de o mundo buscar alternativas ao dólar nas relações comerciais. Após a Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, Lula declarou a jornalistas que “ninguém determinou que o dólar é a moeda padrão” de negociação global, e que não houve um fórum internacional para tal discussão. Essa postura se contrapõe diretamente às recentes ameaças de tarifas por parte do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A declaração do petista vem em um contexto de crescente tensão econômica global, onde Trump tem sinalizado a intenção de impor uma tarifa adicional de 10% a países alinhados às “políticas antiamericanas do BRICS”. Em janeiro, o ex-presidente americano havia inclusive ameaçado taxar em 100% os países do bloco caso criassem uma moeda própria. Lula, por sua vez, defende que o mundo precisa encontrar meios para que as transações comerciais não dependam exclusivamente da moeda norte-americana. “Quando for com os EUA, ela passa pelo dólar, quando for com a Argentina, não precisa passar, quando for com a China, não precisa passar, quando for com a Índia, não precisa passar. Quando for com a Europa, discute-se em euro”, exemplificou o presidente, ilustrando um cenário de maior diversidade monetária.

Apesar do apelo de Lula, a ideia de uma moeda própria para o BRICS enfrenta resistência entre os próprios membros do bloco, como a Índia. No entanto, a Rússia apoia fortemente a medida, e a ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que atualmente preside o NDB (Banco dos BRICS), também endossa a demanda russa. Vale ressaltar que o mandato de Dilma à frente do banco foi renovado em julho, por indicação do presidente russo Vladimir Putin. Lula reconhece que a transição para um novo sistema monetário global será gradual e requer cautela. “Os nossos Bancos Centrais precisam discutir isso com os Bancos Centrais dos outros países, mas é uma coisa que não tem volta. Isso vai acontecendo aos poucos, e vai acontecendo até que seja consolidado”, afirmou, indicando que se trata de um processo inevitável, ainda que lento, de reconfiguração da arquitetura financeira internacional.


[GM-20250707-2242]

Compartilhar: