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O Brasil Desconectado: 20,5 Milhões Vivem à Margem da Internet, e o Motivo Principal Não é Dinheiro

Em um mundo onde o acesso a serviços bancários, oportunidades de emprego e a própria participação social dependem cada vez mais de uma conexão com a internet, 20,5 milhões de brasileiros ainda vivem em um estado de exclusão digital. Este contingente, que representa 10,9% da população com 10 anos ou mais, não está offline por opção, mas por uma barreira que o progresso tecnológico ainda não conseguiu transpor: a falta de conhecimento.

Dados do mais recente suplemento sobre tecnologia da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgado pelo IBGE, revelam uma verdade incômoda sobre a desigualdade no país. Ao contrário do que se poderia imaginar, o principal obstáculo para a inclusão digital não é mais o custo do serviço ou dos aparelhos. Para quase metade dos desconectados (45,6%), ou 9,3 milhões de pessoas, o motivo para não acessar a internet é simplesmente não saber como fazer.

O Retrato da Exclusão Digital

A pesquisa traça um perfil claro de quem são os brasileiros deixados para trás na era digital. A exclusão tem face, idade e um nível de escolaridade bem definidos. Mais da metade (52,1%) das pessoas que não utilizam a internet são idosas. Entre este grupo, o “não saber mexer” é uma barreira ainda maior, citada por 66,1% deles. Além disso, a baixa escolaridade é um fator determinante: três em cada quatro desconectados (73,4%) não possuem instrução ou têm apenas o ensino fundamental incompleto.

Este cenário configura o que pode ser chamado de “analfabetismo digital”, uma nova forma de exclusão que impede o acesso a direitos e serviços básicos. Enquanto isso, o Brasil já conta com 168 milhões de pessoas online, o que corresponde a 89,1% da população acima de 10 anos, aprofundando o abismo entre quem participa plenamente da sociedade digital e quem está à margem dela.

A Barreira Econômica Diminui, Mas o Desafio da Educação Aumenta

Um dos dados mais significativos da pesquisa é a diminuição do peso dos fatores econômicos. Em 2024, a soma dos que consideravam o serviço ou o equipamento caros foi de 10,9%, uma queda considerável em relação aos 16,2% registrados em 2022. Isso indica que, embora ainda relevantes, os custos estão deixando de ser o principal impedimento.

A verdadeira barreira, agora, é a educacional. Para estados como a Paraíba, onde os desafios na formação básica persistem, este dado é um alerta: a simples distribuição de tecnologia ou a redução de custos não garantem a inclusão digital. É preciso investir massivamente em políticas públicas de letramento digital, com foco especial nos idosos e na população de baixa renda, para que a tecnologia seja uma ferramenta de emancipação, e não de aprofundamento da desigualdade.

Curiosamente, entre os mais jovens (10 a 13 anos), um novo fator ganha força: a preocupação dos pais com a privacidade e a segurança. Para 24,1% deste grupo que não possui celular, a razão é a cautela dos responsáveis, um aumento em relação aos 17,2% de 2022. Em um país onde a vida acontece cada vez mais online, garantir que todos saibam ‘mexer’ na internet não é uma questão de tecnologia, mas de cidadania. Deixar 20 milhões de brasileiros para trás é aprofundar um abismo social que o progresso deveria fechar, e não alargar.

Da redação do Movimento PB, com informações da Agência Brasil e do IBGE

Redação do Movimento PB [GME-GOO-29072025-2110-15P]

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