O retorno dos trilhos: Governo Federal estuda criar rede de trens de passageiros para reconectar o Nordeste
Projeto ambicioso, inserido no Plano Nacional de Logística 2050, prevê uma primeira linha ligando Recife a João Pessoa, com a visão de, no futuro, estender a malha ferroviária até Natal e Maceió, resgatando um modal histórico e impulsionando a integração regional.
Uma notícia que mistura nostalgia e visão de futuro está nos trilhos do planejamento federal. O governo estuda a criação de uma rede de trens de passageiros para interligar as principais cidades do Nordeste, uma iniciativa que promete revolucionar o turismo, a economia e a integração de uma das regiões mais dinâmicas do país. O pontapé inicial para este projeto audacioso seria a reativação da linha entre Recife e João Pessoa, um trecho de aproximadamente 110 quilômetros que serviria como o primeiro elo de uma malha ferroviária muito mais ampla.
A ideia, que faz parte do Plano Nacional de Logística 2050 (PNL 2050), foi detalhada por Jorge Bastos, presidente da estatal Infra S.A., responsável pelos estudos. “O primeiro trecho que o Ministério [dos Transportes] deu para a gente estudar é uma ligação entre as capitais que têm a menor distância entre elas”, explicou Bastos. A escolha estratégica por Recife e João Pessoa não é apenas pela proximidade, mas pelo intenso fluxo de pessoas e mercadorias entre os dois polos, o que garantiria a viabilidade inicial do projeto. O plano, no entanto, é muito mais grandioso: no futuro, a malha se estenderia para o sul, até Maceió, e para o norte, até Natal, criando um verdadeiro corredor ferroviário litorâneo no Nordeste.
O projeto não é um sonho isolado, mas parte de uma estratégia mais ampla do governo federal para revitalizar o setor ferroviário em todo o Brasil. O secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro, confirmou que a ampliação da rede ferroviária é uma prioridade, com investimentos previstos de pelo menos R$ 60 bilhões. Esse montante inclui não apenas novas linhas de passageiros, mas também corredores logísticos de carga, como a aguardada conclusão da Ferrovia Transnordestina, que tem previsão de começar a operar em 2027.
A retomada do transporte de passageiros sobre trilhos no Nordeste representa mais do que uma simples alternativa de transporte. É o resgate de um modal que foi fundamental para o desenvolvimento da região no século XX e que foi, gradualmente, abandonado em favor do transporte rodoviário. A reativação dessas linhas poderia significar uma redução no tráfego das saturadas rodovias BR-101 e BR-230, além de oferecer uma opção de viagem mais segura, confortável e, potencialmente, mais sustentável.
O impacto no turismo seria imenso. Imagine poder embarcar em um trem em Recife e, em pouco mais de uma hora, desembarcar no coração de João Pessoa, pronto para explorar as praias e a cultura da capital paraibana, sem o estresse do trânsito ou a preocupação com estacionamento. A conexão ferroviária poderia criar um novo circuito turístico integrado, facilitando o deslocamento entre as capitais e potencializando a exploração de destinos no interior ao longo do trajeto. Para a Paraíba, que já vive um momento de alta no setor, a chegada do trem seria um catalisador de crescimento sem precedentes.
O caminho para que o apito do trem de passageiros volte a soar no Nordeste é longo e complexo, exigindo estudos de viabilidade, altos investimentos e, acima de tudo, vontade política contínua. No entanto, a inclusão do projeto no PNL 2050 é o sinal mais forte em décadas de que o Brasil está, finalmente, olhando para os trilhos não apenas como um vestígio do passado, mas como uma rota expressa para um futuro mais conectado, integrado e próspero. A locomotiva do desenvolvimento regional parece estar, mais uma vez, pronta para partir da estação.
Redação do Movimento PB
Redação do Movimento PB [NMG-OGO-14102025-A8B3C1-13P]