Líder do União Brasil na Câmara assume pasta no lugar de Juscelino, que deixou o cargo após denúncia da PGR por desvio de emendas. Indicação visa manter apoio da legenda ao governo.
O deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA), atual líder do partido na Câmara, foi confirmado nesta quarta-feira (9) como o novo ministro das Comunicações. Ele substituirá Juscelino Filho, que pediu demissão após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de desvio de emendas parlamentares.
O anúncio foi feito pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Segundo ela, Pedro Lucas solicitou que a posse ocorra apenas após a Páscoa para concluir compromissos à frente da liderança do União Brasil e tratar de questões pessoais. A nomeação ainda aguarda publicação no Diário Oficial da União.
A escolha do novo ministro foi antecipada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante viagem oficial a Honduras. De acordo com o Planalto, Lula já conhecia Pedro Lucas desde a última missão oficial à Ásia e teria “simpatizado” com o parlamentar. A decisão de indicá-lo avançou antes mesmo da saída oficial de Juscelino Filho, que nega as acusações da PGR.
Com o anúncio, Lula se reuniu com líderes do União Brasil e com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), uma das principais lideranças da sigla. O presidente também se encontrou com o deputado Arthur Lira (PP-AL), mas, segundo Gleisi, não houve discussão sobre uma possível reforma ministerial no encontro.
A ministra afirmou que, apesar de eventuais ruídos, o União Brasil tem colaborado com a governabilidade, destacando que a maioria da bancada tem votado com o governo. Ela também deixou claro que o Planalto não pretende interferir na escolha do novo líder do partido na Câmara, considerada uma questão interna da legenda.
Pedro Lucas é considerado integrante da ala mais alinhada ao governo dentro do União Brasil. No Maranhão, já foi aliado do ministro Flávio Dino e atuou ao lado de apoiadores de Lula durante a campanha de 2022. Além disso, mantém trânsito com setores menos governistas do partido, como ACM Neto e Antônio Rueda, e é visto como um nome de articulação entre diferentes correntes do centrão.
Com a nomeação, o governo busca garantir parte do apoio do União Brasil, que detém uma das maiores bancadas da Câmara. A decisão também contraria setores da legenda que pressionam pelo afastamento do governo e defendem o lançamento da candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, para as eleições presidenciais de 2026.
Durante o período de transição, a secretária-executiva Sônia Faustino ocupa o cargo interinamente no Ministério das Comunicações.