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Stédile alerta sobre preparação do povo venezuelano diante de ameaças dos EUA

Dirigente do MST detalha mobilização civil e internacionalista

João Pedro Stédile, dirigente nacional do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), afirmou em entrevista ao Poder360 que a população venezuelana está se preparando para possíveis ataques militares dos Estados Unidos, apesar de manter a rotina normal do dia a dia. Segundo Stédile, em visita ao país no início de outubro, observou que o povo vive normalmente, mas mantém uma mobilização preventiva “caso haja uma invasão dos marines”.

O líder do MST destacou que, se houver qualquer tentativa de invasão liderada pelo governo de Donald Trump, não se espera uma guerra civil. Ele afirmou que a população venezuelana está recebendo treinamento militar e cada cidadão poderá se transformar em um soldado, armado ou não, pronto para reagir a qualquer agressão.

Organização de brigadas internacionalistas

Stédile revelou que o MST planeja, em articulação com outros movimentos populares do Brasil e da América Latina, organizar brigadas de 50 a 100 jovens para se deslocarem à Venezuela. O objetivo é prestar apoio à sociedade local em atividades de convivência, como cultivo de alimentos, limpeza de espaços públicos e participação em programas de formação. Ele enfatizou que o gesto principal das brigadas é a solidariedade pública e a demonstração de apoio popular.

Durante a entrevista, o dirigente explicou que a mobilização internacionalista se inspira em experiências históricas, como a participação de voluntários na República Espanhola (1930-1936), na luta pela independência da Argélia nos anos 60 e na revolução nicaraguense da década de 70. O Congresso Mundial em Defesa da Madre Tierra, que reuniu delegações de 65 países, aprovou em assembleia a criação dessas brigadas para a Venezuela.

Contexto político e militar na Venezuela

De acordo com Stédile, a população venezuelana mantém uma rotina diária de trabalho e celebrações, como a tradição de iniciar a preparação para o Natal a partir de 1º de outubro. Politicamente, o apoio ao governo de Nicolás Maduro teria subido para cerca de 90% frente às ameaças externas, enquanto a oposição se mantém em 10%, segundo medições de organismos independentes citadas pelo dirigente.

Ele também detalhou duas possíveis táticas dos Estados Unidos: uma tentativa de assassinar ou prender líderes do governo, e, caso falhe, uma invasão militar direta com marines. Stédile avaliou que a primeira tática seria baseada em informações equivocadas de opositores locais e a segunda seria enfrentada por uma população treinada, evitando a eclosão de guerra civil e repetindo experiências históricas como a Baía dos Porcos, em Cuba, em 1961.

Preparação civil e treinamento militar

Stédile afirmou que cerca de 5,5 milhões de adultos venezuelanos se inscreveram para receber treinamento nas praças públicas todo final de semana. O preparo visa garantir que cada cidadão esteja apto a reagir caso uma invasão ocorra, com estratégias de defesa que vão desde o uso de armas até ações criativas de resistência popular.

O dirigente destacou ainda que a mobilização do MST e de outros movimentos populares não se restringe à ação militar, mas inclui atividades sociais e culturais, fortalecendo laços de solidariedade e resistência junto à população local.

Perspectivas e solidariedade regional

O discurso de Stédile reforça a importância da cooperação entre movimentos populares da América Latina e evidencia uma estratégia de apoio mútuo diante de pressões externas, buscando a preservação da soberania venezuelana e a organização civil frente a ameaças internacionais. A atuação das brigadas internacionalistas se apresenta como uma manifestação de solidariedade prática e simbólica, reforçando vínculos históricos de resistência regional.

Da redação, Movimento PB.

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