Ministro do STF e ex-assessor Eduardo Tagliaferro não compareceram à sessão da Comissão de Segurança Pública. Oposição acusa Moraes de desrespeitar o Senado e abusar de poder no TSE.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes não compareceu à audiência da Comissão de Segurança Pública do Senado realizada nesta quarta-feira (30.abr). Convidado para prestar esclarecimentos sobre áudios vazados envolvendo ex-assessores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Moraes não enviou justificativa para a ausência, segundo o presidente da comissão, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Também convocado, o ex-assessor Eduardo Tagliaferro não compareceu, mas, por meio de seu advogado, pediu para falar em nova data, de forma virtual. Os áudios em questão, divulgados em reportagem da Folha de S.Paulo assinada pelo jornalista Glenn Greenwald, indicam que assessores de Moraes demonstravam preocupação com o uso de informações do TSE fora do contexto eleitoral.
Durante a sessão, senadores da oposição fizeram duras críticas ao ministro. Magno Malta (PL-ES) classificou Moraes como uma “figura nojenta” e afirmou que o ministro “afronta esse país”. Eduardo Girão (Novo-CE) disse que a ausência desrespeita o Senado e acusou Moraes de “desqualificar” a instituição ao evitar o debate público.
O jornalista Glenn Greenwald, que participou da audiência, afirmou que os ex-assessores sabiam que estavam infringindo regras e que havia temor sobre a divulgação dos áudios. Segundo Greenwald, Moraes teria extrapolado suas funções ao acionar o TSE para monitorar manifestações contrárias ao STF no exterior, como em Nova York, sem relação com o processo eleitoral.
Greenwald também acusou o ministro de usar o cargo para censurar reportagens e criminalizar o jornalismo. “Ele sempre interpreta qualquer crítica, qualquer reportagem, como um crime”, afirmou o jornalista, que recebeu elogios de parlamentares da oposição, como Flávio Bolsonaro e Marcel van Hattem (Novo-RS).