A Paraíba na Era Quântica: tradição, parcerias globais e o futuro que começa agora.
Por Redação Movimento PB – 25/08/2025
Em 1970, a chegada de um computador de grande porte à Universidade Federal da Paraíba, em Campina Grande, alterou o destino do estado. A máquina foi o embrião de um polo científico e tecnológico sem precedentes. Agora, meio século depois, a história parece se repetir com a computação quântica.
A computação quântica rompe os limites dos computadores clássicos ao usar qubits, partículas capazes de operar em múltiplos estados ao mesmo tempo. Essa característica permite resolver problemas de complexidade gigantesca em tempo ínfimo, com impacto em áreas como energia, clima, saúde, logística, indústria e segurança digital.
Para a Paraíba, que já demonstrou capacidade de transformar tecnologia em desenvolvimento social, o momento é de oportunidade histórica.
Um dos cérebros à frente dessa virada é Percival Henriques, figura central da inclusão digital no Brasil e articulador de projetos estratégicos que projetam a Paraíba no cenário global. Ainda em 2013, ele organizou a primeira Escola de Computação Quântica da Paraíba, repetida em 2016 e 2018, formando jovens pesquisadores numa área que hoje está no centro da revolução tecnológica mundial.
Em 2025, Percival liderou junto ao NIC.br e ao CGI.br uma parceria inédita com o Suzhou Quantum Center, da China. Durante uma semana, pela primeira vez na história, pesquisadores brasileiros puderam programar um computador quântico operacional à distância e em tempo real, numa capacitação que marcou a estreia prática do Brasil na era quântica.
As conexões internacionais continuam. Atualmente, a Paraíba negocia parcerias estratégicas com instituições da China e da Espanha para testar a troca de chaves quânticas (QKD) em redes híbridas. Essa tecnologia garante comunicações invioláveis, combinando sistemas clássicos de fibra óptica com canais quânticos que impedem interceptações e roubo de dados.
Na prática, isso pode tornar a Paraíba o primeiro estados brasileiro a experimentar infraestruturas de segurança digital quântica em uso comercial, um diferencial em tempos de crescente ameaças à segurança cibernética.
Entre as soluções possíveis para a Paraíba, destacam-se:
• Emergência climática e semiárido: simulações quânticas para prever o regime de chuvas e otimizar o uso de reservatórios como os açudes espalhados pelo estado.
• Energia e datacenters: integração eficiente de fontes solar e eólica na rede elétrica e redução do consumo energético em datacenters de João Pessoa e Campina Grande.
• Indústria: uso de modelagem quântica para desenvolver novos materiais para antenas e radares e sistemas de refrigeração de datacenters para Inteligência Artificial sem consumo de água.
• Pesquisa de fármacos: descoberta acelerada de medicamentos com apoio de grupos de excelência da UFPB e da UFCG.
• Mobilidade urbana: algoritmos quânticos aplicados ao transporte público e tráfego nas cidades da Paraíba e até virar tecnologia de exportação a partir do ecossistema de novas empresas de tecnologia que surgirão no entorno do computador quântico.
• Segurança digital: liderança nacional em cibersegurança pós-quântica, com testes de QKD em redes híbridas.
• Telecomunicações: otimização de redes de fibra óptica e 5G com algoritmos quânticos, integrando QKD em redes híbridas em parceria com China e Espanha para criar infraestruturas de comunicação seguras.
• Agricultura: aplicação de simulações quânticas para prever pragas e clima no semiárido, otimizar irrigação e logística de exportação de frutas, algodão e mel, além de sensores quânticos para agricultura de precisão.
O governo estadual já anunciou o projeto de um Centro de Computação Quântica em João Pessoa, com investimento previsto de R$ 75 milhões. O espaço reunirá equipamentos, transferência de tecnologia internacional e programas de formação de recursos humanos, consolidando a Paraíba como referência em ciência de ponta.
Se nos anos 70 a chegada de um único computador transformou Campina Grande no maior celeiro de pesquisadores do país, agora a computação quântica promete abrir uma nova era.
Como resume Percival Henriques: “Temos a chance de usar a tecnologia mais avançada do mundo para resolver problemas muito concretos da nossa realidade — do enfrentamento à emergência à otimização de vagas no sistema público de saúde Essa é uma grande oportunidade de transformar ciência em desenvolvimento social.”
A Paraíba já provou que sabe transformar tecnologia em futuro. Agora, com a computação quântica, a história está prestes a se repetir em escala ainda maior.
O que é Computação Quântica?
A computação quântica utiliza princípios da mecânica quântica — como superposição e entrelaçamento — para realizar cálculos que seriam inviáveis para computadores clássicos. Ela abre caminho para avanços em criptografia, simulações químicas, inteligência artificial e otimização de processos.
O que é a Troca de Chaves Quânticas (QKD)?
A QKD é uma técnica de comunicação que utiliza partículas quânticas para gerar chaves de criptografia seguras. Qualquer tentativa de interceptação altera o estado quântico, denunciando a invasão. É considerada a base da segurança digital na era pós-quântica.
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