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Australiana Viridis anuncia centro de terras raras em Minas Gerais sem tecnologia chinesa

Projeto Colossus quer posicionar o Brasil como alternativa ocidental no mercado de minerais críticos

A mineradora australiana Viridis Mining & Minerals anunciou a criação de um centro de pesquisa e processamento de terras raras em Poços de Caldas (MG), sem o uso de tecnologia, componentes ou equipamentos de origem chinesa. O empreendimento faz parte do Projeto Colossus e será voltado à produção experimental e validação técnica de carbonato misto de terras raras — substância intermediária essencial na cadeia de refino desses minerais estratégicos.

O novo centro ficará localizado no parque industrial do município, a cerca de sete quilômetros das concessões minerais da companhia, e deve entrar em operação no segundo trimestre de 2026. Com capacidade para processar cerca de 100 quilos de minério bruto por hora, a unidade funcionará como planta de demonstração e servirá também para gerar amostras a potenciais compradores internacionais.

Restrições chinesas impulsionam busca por alternativas

O anúncio ocorre em meio à intensificação do controle chinês sobre as exportações de terras raras, um grupo de 17 elementos químicos essenciais à fabricação de turbinas eólicas, veículos elétricos, semicondutores e equipamentos de defesa. A China é responsável por mais de 80% do processamento mundial desses minerais e, no início de outubro, ampliou as restrições à exportação, exigindo licenças até mesmo para produtos que contenham traços desses elementos.

Para analistas, o movimento acendeu um sinal de alerta entre países ocidentais e acelerou a corrida por fornecedores alternativos. A decisão da Viridis de eliminar completamente a dependência tecnológica da China é descrita pela própria empresa como “estratégica”, buscando evitar riscos de interrupções e alinhar o Brasil a uma nova cadeia de suprimentos ocidental para minerais críticos.

Projeto Colossus e foco ambiental

O centro integra o desenvolvimento do Projeto Colossus, que prevê a exploração de argilas iônicas ricas em elementos como neodímio, praseodímio, térbio e disprósio — utilizados na fabricação de ímãs de alto desempenho, essenciais para motores elétricos e geradores de energia renovável. A companhia destaca que o licenciamento ambiental é sua prioridade atual.

O estudo e relatório de impacto ambiental (EIA/Rima) foram apresentados em janeiro de 2025, e a mineradora aguarda a emissão da licença prévia, enquanto conduz o estudo de viabilidade definitiva, com conclusão estimada para junho de 2026.

Brasil busca posição estratégica na nova geopolítica mineral

A aposta da Viridis coincide com o interesse crescente do governo brasileiro e de investidores internacionais em diversificar a oferta global de minerais críticos. Com reservas expressivas e condições geológicas favoráveis, o país pode se tornar um importante ator na redução da dependência ocidental da China.

Em Poços de Caldas, o projeto também promete gerar empregos qualificados e atrair parcerias tecnológicas com universidades e centros de pesquisa nacionais. Caso avance conforme o cronograma, o centro poderá consolidar Minas Gerais como polo emergente no mapa global de terras raras, fortalecendo o papel do Brasil na transição energética mundial.

Da redação, Movimento PB.

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