Brasil e China firmam parceria estratégica para alavancar computação quântica no Nordeste


Capacitação inédita no NIC.br marca novo ciclo de cooperação tecnológica e prepara Paraíba para revolução digital

Atualizado em 09 de abril de 2025 – 13:07


NIC.br e CGI.br organizam uma semana intensiva com pesquisadores chineses para fortalecer a expertise brasileira em computação quântica

Entre os dias 31 de março e 4 de abril de 2025, Brasil e China realizaram em São Paulo um curso pioneiro voltado para a capacitação em computação quântica. A iniciativa foi coordenada por Antonio Moreiras, gerente de Projetos e Desenvolvimento do NIC.br, e Percival Henriques, conselheiro do CGI.br, em parceria com cientistas do Suzhou Quantum Center, vinculado à CETC, uma importante estatal chinesa.

A colaboração entre os dois países ganhou forma graças ao projeto do radiotelescópio BINGO, liderado pelos físicos Amílcar Rabelo de Queiroz e Elcio Abdalla. O acordo foi impulsionado por uma visita à China, incentivada por Cláudio Furtado, secretário de estado de Ciência, Tecnologia e Inovação da Paraíba, que abriu portas para a integração com o ecossistema quântico chinês.

O treinamento reuniu cerca de 25 participantes, incluindo profissionais do NIC.br e pesquisadores do BINGO, como físicos e astrônomos. Durante a semana intensiva, eles tiveram acesso a uma plataforma quântica na nuvem, disponibilizada pelo Suzhou Quantum Center, e aprenderam a desenvolver algoritmos quânticos. Amílcar Rabelo de Queiroz descreveu a experiência: “O pessoal do NIC.br pode ter esse treinamento, como fazer, como pensar uma programação, pensar algoritmos usando esse paradigma da computação quântica, que é diferente da computação clássica.”

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Antonio Moreiras chamou atenção para os desafios que a tecnologia traz: “Um dos principais impactos dos computadores quânticos para a internet é a ameaça à criptografia atualmente utilizada, como RSA, DSA e ECC, tudo que é baseado em números primos. Esses algoritmos, que são amplamente utilizados em protocolos como HTTPS, VPNs, DNSSEC, blockchain, etc., vão se tornar vulneráveis a ataques assim que computadores quânticos com certo grau de eficiência se tornarem de uso comum.”

Por sua vez, Elcio Abdalla ressaltou os benefícios da parceria internacional e seu alcance social: “Estamos levando ciência de ponta ao sertão paraibano. Não só com o radiotelescópio, mas com ações que envolvem a comunidade, promovem educação científica e plantam as sementes para um futuro tecnológico no país.”

O físico chinês Zhao Dafa, um dos instrutores do curso, destacou a troca de conhecimentos: “Na China temos uma frase que diz que quando um professor ensina, ele também aprende. E foi isso que vivemos esta semana.” Ele também fez referência à visita do presidente Xi Jinping ao Brasil em 2024, que, em encontro com o presidente Lula, reforçou os laços entre os dois países e abriu caminho para essa colaboração.

O curso é considerado um marco na preparação do Brasil para a era quântica, equiparável à revolução da inteligência artificial. “Vivemos hoje uma nova revolução, assim como foi com a inteligência artificial. O presidente Lula lançou a Estratégia Brasileira de IA no ano passado. E IA já está em tudo: no celular, nos serviços, nas pesquisas. Agora é a vez da computação quântica. Ainda não está no nosso dia a dia, mas vai chegar. E precisamos nos preparar para isso”, afirmou Amílcar Rabelo de Queiroz.

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Redação com informações de Jornal da Ciência

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