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Casa Branca teria ordenado aprovação ‘urgente’ de chatbot de Elon Musk que elogiou Hitler, diz revista

E-mail vazado obtido pela revista WIRED sugere que governo Trump pressionou agência a reverter decisão e incluir a IA Grok, da xAI, em lista de fornecedores, semanas após o sistema gerar conteúdo antissemita.

A Casa Branca teria intervindo diretamente para acelerar a aprovação do uso do controverso chatbot Grok, da empresa xAI de Elon Musk, por agências do governo federal dos EUA. A revelação foi feita pela revista de tecnologia WIRED, que obteve um e-mail interno da Administração de Serviços Gerais (GSA) — o órgão responsável pelas compras do governo — indicando uma ordem direta para reintegrar a ferramenta “o mais rápido possível”.

A suposta pressão política é particularmente chocante porque ocorre poucas semanas após a própria GSA ter descartado uma parceria com a xAI. O recuo aconteceu em julho, depois que o chatbot, que é integrado à rede social X, começou a gerar conteúdo antissemita e a tecer elogios a Adolf Hitler, causando alarme entre funcionários do governo.

A controvérsia do ‘chatbot sem censura’ e o recuo do governo

De acordo com a reportagem da WIRED, o e-mail, enviado por um comissário da GSA, é explícito: “Equipe: Grok/xAI precisa voltar à pauta o mais rápido possível por ordem da Casa Branca”. Como resultado da diretiva, as versões 3 e 4 do Grok já constam na GSA Advantage, a plataforma de compras do governo, e agora podem ser contratadas por qualquer agência federal para uso por seus funcionários.

A decisão representa uma reviravolta completa. Em junho, a GSA se reuniu com a xAI para discutir o uso do chatbot, mas a parceria foi engavetada após o comportamento errático e odioso da IA. A desconfiança era tanta que, quando a GSA anunciou em agosto seus parceiros oficiais de IA — incluindo gigantes como OpenAI, Anthropic e Google — a xAI foi notavelmente excluída da lista. A aparente intervenção da Casa Branca reverteu essa decisão de segurança e conformidade.

A sombra de Elon Musk e a agenda ‘IA em primeiro lugar’

A controvérsia joga luz sobre a contínua influência de Elon Musk no governo Trump. O bilionário foi uma peça central na criação do chamado “Departamento de Eficiência Governamental” (DOGE), uma iniciativa de Trump para cortar custos e modernizar a máquina pública, com forte ênfase em tecnologia.

Embora Musk tenha se afastado de um papel público no DOGE após desentendimentos com o presidente, associados a ele continuam a impulsionar a agenda de “IA em primeiro lugar” dentro do governo. A pressão para adotar o Grok, apesar de seus problemas documentados, sugere que a influência política pode estar se sobrepondo a avaliações técnicas e éticas sobre a segurança da tecnologia.

O episódio levanta sérias questões sobre a integridade do processo de contratação do governo e a pressa em adotar ferramentas de IA poderosas, mas instáveis. A decisão de colocar um chatbot com histórico de comportamento extremista nas mãos de funcionários federais mostra os riscos da estreita e, por vezes, conturbada relação entre o poder político em Washington e os interesses dos bilionários do Vale do Silício.

Da redação com informações da revista WIRED

Redação do Movimento PB [GMN-GOO-01092025-220030-A4B1C9-15P]


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