China ‘nanossegundos’ dos EUA na corrida quântica, alerta Nobel

O físico John Martinis, laureado com o Prêmio Nobel e ex-líder da equipe do Google que alcançou a supremacia quântica em 2019, está novamente soando o alarme. Para ele, a China está perigosamente perto de superar os Estados Unidos na corrida pela computação quântica, uma tecnologia com potencial revolucionário capaz de transformar setores como energia, criptografia e medicina.
Ameaça Quântica Chinesa em Ritmo Acelerado
Em entrevistas recentes, Martinis revelou que a vantagem tecnológica que antes separava as duas potências, estimada em aproximadamente três anos, praticamente desapareceu. “A China é definitivamente muito competitiva nisso. As pessoas devem estar preocupadas de que há uma corrida real”, afirmou à Bloomberg, destacando a velocidade com que pesquisadores chineses replicam e até superam avanços ocidentais.
Martinis ressaltou a capacidade chinesa de entender e rapidamente publicar pesquisas com resultados similares aos do Ocidente, classificando o fenômeno como alarmante. “Eu leio seus artigos, eles entendem o que estão fazendo muito claramente”, disse ele, enfatizando a competência e o ritmo acelerado de Pequim, que tem respondido a cada avanço ocidental com capacidades semelhantes em questão de meses.
Investimento Massivo e Avanços Tangíveis
A preocupação não é infundada. A China tem investido pesadamente na área, superando os EUA em gastos públicos e privados. Em 2023, Pequim destinou US$ 15,3 bilhões a projetos quânticos, mais que o dobro do investimento total norte-americano. Essa injeção de capital resultou em avanços concretos:
- O processador quântico supercondutor Zuchongzhi 3.0, com 105 qubits, que, segundo pesquisadores chineses, é 10 a 15 vezes mais rápido que supercomputadores clássicos em tarefas específicas.
- A maior rede de comunicações quânticas do mundo, estendendo-se por mais de 10 mil quilômetros e conectando 17 províncias e 80 cidades.
Washington em Alerta Máximo
O cenário ecoa alertas anteriores, como o do CEO da Nvidia, Jensen Huang, que já havia dito que a China estava “nanossegundos atrás dos EUA em IA”. Agora, o foco se volta para a quântica, uma área considerada estratégica para a segurança nacional e a competitividade global.
Diante da iminente perda de liderança, a Casa Branca elevou a ciência quântica ao topo da agenda de pesquisa para o ano fiscal de 2027, buscando equilibrar estudos fundamentais e engenharia aplicada. A administração também trabalha em ações executivas para impulsionar o desenvolvimento tecnológico e garantir a migração para padrões de criptografia que resistam a futuros ataques de computadores quânticos.
Um relatório recente da Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA–China reforça a urgência, classificando a “supremacia quântica como um ativo nacional crítico”. A comissão recomendou que o Congresso adote a meta nacional “Quântica em Primeiro Lugar” até 2030, visando acelerar a capacidade de inovação do país.
A janela para os EUA reagirem está se fechando, alertou Martinis. A dominância chinesa em sistemas quânticos funcionais de grande escala poderia ter impactos profundos na competitividade global, desde cadeias de produção até a segurança cibernética de governos e empresas ocidentais. A corrida é real, e o tempo, como na física quântica, parece estar se esgotando rapidamente.
Da redação do Movimento PB.
