Ciência brasileira em novo patamar: FAPESP firma acordo histórico com o CERN, o laboratório do ‘Big Bang’
Parceria eleva a participação de pesquisadores de São Paulo de projetos individuais para o nível institucional, garantindo um papel de destaque do Brasil nas próximas décadas do maior laboratório de física de partículas do mundo.
A ciência brasileira deu um salto qualitativo em sua participação na fronteira do conhecimento humano. A FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) assinou um acordo de cooperação direta com a Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN), o mais avançado laboratório de física de partículas do mundo, localizado na fronteira da Suíça com a França. O pacto formaliza e expande as oportunidades para que cientistas paulistas participem das pesquisas que buscam desvendar os maiores mistérios do Universo.
Até agora, a colaboração de pesquisadores de São Paulo com o CERN era feita por meio de projetos individuais. Com o novo acordo, a FAPESP passa a ser uma interlocutora institucional. “Isso coloca a Fundação em um outro patamar na relação com o CERN e amplia o escopo de oportunidades para a comunidade científica do Estado de São Paulo”, avaliou Marcio de Castro, diretor científico da FAPESP. A parceria é um passo fundamental na integração do Brasil, que recentemente se tornou o primeiro país das Américas a ser um Estado-membro associado do CERN.
Para entender melhor: O que é o CERN e o que os brasileiros fazem lá?
Para entender a dimensão deste acordo, é preciso saber o que é o CERN. Longe de ser apenas um laboratório, ele abriga uma das máquinas mais complexas já construídas: o Grande Colisor de Hádrons (LHC). Imagine o LHC como uma “pista de corrida” circular e subterrânea de 27 km. Nela, partículas minúsculas são aceleradas a velocidades próximas à da luz e forçadas a colidir de frente. Essa batida é tão violenta que recria, por uma fração de segundo, as condições do Big Bang. “Detectores” gigantes, do tamanho de prédios, funcionam como câmeras superpotentes que “fotografam” os destroços dessa colisão. É analisando essas “fotos” que os cientistas descobrem novas partículas, como o famoso Bóson de Higgs.
Do chip ‘Sampa’ aos mistérios do Universo: A contribuição do Brasil
A presença paulista no CERN não é nova, mas agora ganha um novo status. Pesquisadores de universidades como a USP e a Unesp já contribuem de forma decisiva para os experimentos. Um dos maiores feitos foi o desenvolvimento, por uma equipe da Escola Politécnica da USP com apoio da FAPESP, de um chip de altíssima tecnologia chamado “Sampa”, que foi instalado em 2020 no sistema de detecção do experimento ALICE, um dos quatro grandes detectores do LHC.
Além do hardware, cientistas brasileiros, por meio do centro de pesquisa SPRACE na Unesp, integram a rede mundial de computação que processa a montanha de dados gerada pelas colisões no detector CMS — um dos que confirmaram a existência do Bóson de Higgs em 2012. Agora, com o acordo, a participação se expandirá para as atualizações tecnológicas planejadas para a próxima década e para o desenvolvimento de novos detectores, com o objetivo estratégico de reduzir a dependência tecnológica do Brasil.
O acordo FAPESP-CERN é, portanto, o reconhecimento da excelência da ciência produzida no Brasil. Ele garante que o país não será apenas um espectador, mas um protagonista na construção dos instrumentos que continuarão a expandir as fronteiras do conhecimento humano, investigando desde a composição da matéria escura até os segredos dos primeiros microssegundos de existência do nosso Universo.
Da redação com informações da Agência FAPESP
Redação do Movimento PB [GMN-GOO-30082025-235810-C3A8F2-15P]
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