Brasil enfrenta desafio com datacenters: só atende 40% da demanda interna

Ministério da Fazenda alerta para a urgência de políticas que incentivem a expansão de datacenters no Brasil.

O Brasil carece de uma política pública urgente para incentivar a instalação de novos datacenters, conforme aponta o Ministério da Fazenda. Com entre 160 e 180 centros de dados, o país não consegue atender nem mesmo sua demanda interna, ficando distante de se tornar um player global nesse setor.

“Quando mergulhamos nesse projeto para entender o que o país precisava em termos de política pública no setor, a ideia era que o Brasil estaria bem posicionado, com uma matriz energética limpa e a necessidade universal de datacenters. A intenção era posicionar o Brasil não apenas para atender ao mercado doméstico, mas também para exportar esse serviço. Qual não foi a surpresa ao descobrir que o Brasil hoje não consegue atender nem a própria demanda interna de datacenter. Temos 60% da carga digital do Brasil rodando fora do país”, explicou Igor Marchesini, assessor especial do Ministério da Fazenda, durante um seminário da Anatel.

Marchesini acrescentou que, exceto por alguns serviços públicos mais regulamentados, a dependência do Brasil em relação aos datacenters da Virginia nos EUA é crítica. “Quase nada no Brasil consegue funcionar de ponta a ponta se ficarmos desconectados dos datacenters da Virginia. Não conseguimos fazer um PIX, abrir uma ficha no SUS, nem embarcar em um avião”, afirmou.

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O principal obstáculo identificado é o custo. “Hoje, é 60% mais caro contratar um serviço no Brasil do que o mesmo serviço na Virginia. Mesmo com o imposto de importação, ainda é 30% mais caro. Então, a decisão racional para qualquer agente econômico é rodar no Brasil apenas o que precisa de baixa latência, e o resto operar no exterior.” A Virginia é o estado americano com a maior concentração de datacenters mundialmente.

A discussão sobre uma política específica para datacenters foi retomada pelo governo, com a questão tributária como um ponto central. “Há uma questão tributária, sim. A boa notícia é que a essência da Reforma Tributária já nos leva a uma desoneração dos investimentos, mas isso só a partir de 2027 e o ICMS a partir de 2032. A ideia é antecipar esses prazos da Reforma Tributária, sem criar um regime tributário diferenciado, para aumentar a concorrência e sinalizar ao mercado a direção que estamos tomando”, explicou Marchesini.

A urgência é reconhecida, com uma janela de oportunidade curta para que o Brasil possa se posicionar como um ator relevante no médio prazo. “Precisamos discutir como o país se posiciona para que, em 5 ou 10 anos, possamos ter nossos serviços críticos funcionando com soberania nacional. Não queremos fazer isso de forma precipitada, mas se governo, sociedade e setor produtivo tiverem um plano para desonerar, aumentar a competição e regulamentar serviços críticos, podemos ter uma indústria vibrante, segura e um ambiente digital de sucesso.”

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Texto adaptado de ConvergenciaDigital e revisado pela nossa redação.

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