Certificado Digital em Nuvem: Gratuito, no Celular e com Emissão Eletrônica a Partir de 2025, Anuncia ITI

A partir do segundo semestre de 2025, o Brasil verá uma revolução no mercado de certificação digital com a chegada do certificado digital em nuvem, gratuito para pessoas físicas, emitido de forma 100% eletrônica e acessível pelo celular. É o que promete o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), liderado por Enylson Camolesi, em uma iniciativa que pode transformar o modelo de negócios do setor. Publicado em 22 de março de 2025 pelo Convergência Digital, o anúncio detalha como essa mudança será implementada e seus impactos.

Um Novo Modelo de Certificação

O certificado em nuvem elimina a necessidade de mídias físicas, como cartões ou tokens, reduzindo custos e simplificando o uso. “Será um aplicativo no celular que permite assinaturas qualificadas”, explica Camolesi. A emissão será autoassistida, sem intermediários humanos, bastando que o cidadão tenha dados biométricos cadastrados em uma base governamental, como a do TSE ou do Gov.br. O processo é simples: baixar o app, validar a biometria e, após verificações contra fraudes como deepfakes, receber o certificado em minutos. “Já testamos o conceito, e em um minuto a pessoa sai com o certificado”, afirma o presidente do ITI.

Essa automação substitui o modelo atual, que depende de videoconferências e agentes humanos, por um sistema mais seguro e eficiente. “Queremos tirar a fragilidade humana e colocar a tecnologia no comando”, diz Camolesi, destacando que a integração com a infraestrutura nacional de dados permitirá às Autoridades Certificadoras (ACs) verificar identidades de forma inequívoca.

Gratuidade e Massificação

A grande aposta do ITI é tornar o certificado digital gratuito para pessoas físicas, massificando seu uso. Hoje, cerca de 5 milhões de brasileiros possuem certificados, mas o objetivo é alcançar 40 milhões ou mais. “Com uma base pequena, o interesse é limitado. Com 40 milhões, muda o jogo. Para isso, o custo precisa ser razoável ou zero”, explica Camolesi.

A lógica é mudar quem paga pela certificação. Em vez de cobrar do usuário, as ACs seriam remuneradas por empresas que se beneficiam da segurança das assinaturas digitais, como bancos, plataformas de e-commerce ou financiadoras. “Bancos provisionam R$ 32 bilhões contra riscos jurídicos de assinaturas frágeis. Um certificado forte reduz isso, e parte desse recurso pode pagar as ACs”, diz ele. Outra ideia é atrelar o custo às transações — por exemplo, um banco arcando com a emissão durante um financiamento de carro, transferindo o ônus para quem lucra com a operação.

AR Eletrônica: O Pontapé Inicial

A implementação começa com a Autoridade de Registro (AR) eletrônica, prevista para o segundo semestre de 2025. Integrada às plataformas de governo, ela permitirá a emissão instantânea de certificados durante transações digitais. “O certificado deixa de ser o fim e passa a ser parte do processo. Uma pessoa física transacionando com uma jurídica gera interesse maior na jurídica, que pode remunerar a AC”, explica Camolesi.

Essa mudança desafia o modelo atual, que lucra com públicos cativos — como contadores, médicos e advogados — e emissões de notas fiscais. “Houve uma acomodação na indústria, mas o mercado vai se transformar”, prevê o presidente do ITI.

Impactos e Expectativas

A iniciativa promete baratear e democratizar o acesso à certificação digital, essencial em um mundo cada vez mais online. Com transações seguras, empresas podem reduzir riscos jurídicos e custos operacionais, enquanto cidadãos ganham praticidade sem custos diretos. “Queremos que o certificado seja parte dos serviços, não um produto isolado”, afirma Camolesi.

O sucesso dependerá da adesão em massa e da confiança na tecnologia. A prova de conceito já mostrou viabilidade, mas a escala real será testada a partir de 2025. Se der certo, o Brasil pode liderar uma nova era de segurança digital acessível a todos.


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