China lança primeira missão para coletar amostras de asteroide

Sonda Tianwen 2 buscará material de corpo celeste próximo à Terra e estudará cometa raro

A China deu um passo inédito na exploração espacial nesta quinta-feira (29) ao lançar sua primeira missão de coleta de amostras de um asteroide. A bordo de um foguete Longa Marcha 3B, a sonda robótica Tianwen 2 partiu às 1h31 da manhã (horário local) do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang, na província de Sichuan.

O destino inicial da missão é o asteroide próximo à Terra chamado 2016 HO3, também conhecido como 469219 Kamo’oalewa, um corpo celeste que orbita o Sol em sincronia com a Terra, sendo considerado o exemplo mais estável de “quasi-satélite” já identificado.

Missão ambiciosa com múltiplos objetivos

Segundo a Administração Espacial Nacional da China (CNSA), a missão Tianwen 2 busca cumprir múltiplos objetivos científicos e tecnológicos em uma única viagem. Além de coletar amostras do asteroide 2016 HO3, a sonda também realizará um sobrevoo do cometa 311P, localizado no cinturão principal de asteroides, para análises remotas.

Entre os principais objetivos estão:

  • Desenvolver e testar tecnologias essenciais para coleta de material em corpos com gravidade extremamente baixa;
  • Executar navegação e controle autônomos de alta precisão;
  • Recolher dados físicos e químicos sobre asteroides e cometas, contribuindo para o entendimento de sua formação e evolução.

Trajetória, coleta e retorno à Terra

Após o lançamento bem-sucedido e o correto desdobramento dos painéis solares da sonda, a Tianwen 2 seguirá em direção ao asteroide 2016 HO3. Em 2026, a sonda deverá se aproximar do asteroide, orbitá-lo e realizar observações detalhadas para escolher os melhores pontos de coleta.

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A coleta de amostras ocorrerá mediante uma manobra de aproximação direta, e, se tudo correr como previsto, a Tianwen 2 retornará à órbita terrestre no final de 2027. Nesse momento, a cápsula de reentrada será liberada para trazer as amostras de volta à Terra.

Na sequência, a missão seguirá para uma nova etapa: usará a gravidade da Terra como impulso para se dirigir ao cometa 311P, onde realizará mais observações científicas anos depois.

Impacto científico global

As amostras coletadas serão distribuídas para análise por cientistas chineses e internacionais. O material permitirá estudos aprofundados sobre a composição física, química, mineralógica e isotópica dos asteroides, oferecendo pistas importantes sobre a origem do Sistema Solar e a dinâmica orbital desses corpos.

Especialistas sugerem, com base na análise do espectro de refletância do 2016 HO3, que ele pode ser um fragmento ejetado da Lua após um impacto — o que torna a missão ainda mais relevante.

Continuidade do programa espacial chinês

A missão Tianwen 2 é parte de um ambicioso programa chinês de exploração planetária. A primeira missão da série, Tianwen 1, foi lançada em 2020 e pousou com sucesso em Marte em 2021, levando o rover Zhurong para explorar o planeta vermelho.

Já a Tianwen 3, que pretende coletar amostras diretamente do solo marciano e trazê-las à Terra, está prevista para 2028.

Com a Tianwen 2, a China não apenas avança no campo da exploração de asteroides, como consolida sua presença entre as potências espaciais capazes de realizar missões complexas e de longo prazo no Sistema Solar.

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Com informações de China Daily.

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