China reescreve a guerra naval: vigilância avançada supera poder de fogo tradicional
A China está redefinindo os pilares do poder marítimo. Não são os mísseis, mas a capacidade de monitorar inimigos a 1.500 km que determina a superioridade estratégica. Esta é a essência da doutrina militar que transforma navios espiões em peças-chave do tabuleiro geopolítico.
A nova face da espionagem naval
Os navios de vigilância Tipo 815A emergiram como instrumentos fundamentais na projeção global chinesa. Sua presença constante em águas disputadas – como o recente incidente do Tianwangxing na zona econômica exclusiva das Filipinas – demonstra a audácia de Pequim em coletar inteligência estratégica. Esta operação coincidiu com exercícios aéreos americanos com caças F-35, revelando o foco chinês em monitorar capacidades militares adversárias em tempo real.
Engenharia de vigilância
Com 130 metros e 6.000 toneladas, os 815A incorporam tecnologias furtivas no casco e mastros, reduzindo sua detecção por radar. Seus radomos abrigam sistemas de inteligência eletrônica (ELINT) e comunicações (COMINT) que varrem o espectro eletromagnético. O verdadeiro poder reside na capacidade de mapear ambientes militares adversários: identificam emissões de radar de porta-aviões a 700 km e rastreiam mísseis a 1.500 km.
Integração letal
Os dados capturados fluem instantaneamente via satélites BeiDou para sistemas de armas como os mísseis hipersônicos YJ-21. Um único 815A pode colocar frotas inteiras na mira chinesa, transformando exercícios navais internacionais em oportunidades de coleta. Durante manobras como o RIMPAC no Havaí, sua presença força aliados dos EUA a limitar emissões de radar, comprometendo a eficácia operacional.
Salto espacial
O Liaowang-1, última evolução desta classe, expandiu o teatro de operações. Seus sensores alcançam 6.000 km e rastreiam satélites em órbita geoestacionária. Com radares AESA baseados em nitreto de gálio (10x mais potentes) e algoritmos de IA com 95% de precisão sob interferência, supera equivalentes americanos como o Howard O. Lorenzen. Esta plataforma integra superfície, espaço aéreo e orbital num único sistema.
Vulnerabilidade e evolução
Apesar de sua eficácia, os volumosos radomos dos 815A os tornam alvos identificáveis. Analistas preveem que futuras versões terão antenas conformadas e sistemas de IA autônomos para coordenar enxames de drones. Esta evolução reduziria vulnerabilidades enquanto amplia o alcance da inteligência chinesa além do domínio físico.
O paradigma invisível
Para que o tema fique mais claro, entenda melhor alguns dos termos técnicos e conceitos-chave: ELINT refere-se à coleta de sinais eletrônicos como radares, revelando posições e capacidades inimigas; COMINT envolve interceptar comunicações; já radares AESA usam milhares de emissores independentes para varrer frequências rapidamente, dificultando a interferência; o nitreto de gálio é um material semicondutor que permite sistemas mais potentes e eficientes que as tecnologias anteriores.
Estes navios personificam uma revolução silenciosa: a supremacia naval migrou do poder de fogo visível para a dominação informacional. Ao manter forças adversárias sob vigilância constante e integrar dados a sistemas de armas de longo alcance, a China transformou plataformas de espionagem em multiplicadores estratégicos. Esta abordagem não apenas desafia a hegemonia naval tradicional, mas sinaliza uma ambição incontida de controle multidomínio – onde o monitoramento contínuo se torna o mais dissuasivo dos armamentos.
Redação do Movimento PB com informações de Xantaka
Redação do Movimento PB [DSR-DEE-18082025-D3E4F5-R1]
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