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Coreia do Norte quebra recorde em guerra cibernética e rouba US$ 2 bilhões em criptomoedas em 2025

Em uma escalada sem precedentes, hackers a serviço do regime de Kim Jong-un mudam de tática e agora focam na ‘engenharia social’ para enganar vítimas, provando que o elo mais fraco da segurança digital é o ser humano.

A guerra fria do século 21 não é travada com mísseis, mas com linhas de código. E, nesse campo de batalha digital, a Coreia do Norte se consolidou como uma superpotência do crime. Hackers ligados ao governo de Pyongyang já roubaram mais de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10,6 bilhões) em criptomoedas apenas nos primeiros nove meses de 2025. O número, divulgado pela empresa de análise de blockchain Elliptic, não apenas quebra todos os recordes anteriores, como expõe uma mudança de estratégia perigosa e eficaz: os criminosos estão deixando de explorar falhas em sistemas para focar suas energias em manipular a mente humana.

O montante acumulado este ano, faltando ainda um trimestre para o seu fim, já supera o recorde anterior de US$ 1,35 bilhão, registrado em todo o ano de 2022. A análise, que se baseia em mais de 30 grandes ataques cibernéticos, eleva o total roubado pelo regime norte-coreano para a cifra assustadora de US$ 6 bilhões desde 2017. Esses fundos não são para o enriquecimento de indivíduos, mas sim para financiar o programa de armas nucleares e de mísseis balísticos do país, driblando as severas sanções internacionais e transformando o roubo digital em uma questão de segurança global.

O que mais chama a atenção na onda de ataques de 2025 é a sofisticação das táticas. Embora as corretoras de criptomoedas continuem sendo alvos primários, os hackers agora também estão mirando diretamente em indivíduos com grandes fortunas em ativos digitais. A grande virada, no entanto, é o método. A maioria dos ataques recentes foi baseada em engenharia social, provando que é mais fácil enganar uma pessoa do que quebrar um código complexo.

Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos…

A “engenharia social”, no contexto da cibersegurança, é a arte de manipular psicologicamente as pessoas para que elas realizem ações ou divulguem informações confidenciais. É o equivalente digital do “conto do vigário”. Em vez de tentar adivinhar uma senha, o hacker te liga, se passa por um funcionário do seu banco e te convence a entregar a senha. No caso dos roubos de criptomoedas, isso pode envolver e-mails de phishing, perfis falsos em redes sociais ou até ofertas de emprego fraudulentas que, no fim, instalam um malware no computador da vítima e dão ao criminoso acesso às suas carteiras digitais.

O fator humano como a nova fronteira da vulnerabilidade

A mudança de foco dos hackers norte-coreanos é um sintoma de um problema maior na segurança digital. À medida que as defesas tecnológicas se tornam mais robustas, com criptografia mais forte e sistemas mais resilientes, os criminosos percebem que o ser humano continua sendo o elo mais frágil da corrente. A falta de atenção, o excesso de confiança ou a simples ganância são vulnerabilidades que nenhum software de antivírus pode corrigir. Isso transforma cada funcionário de uma empresa ou cada investidor individual em um potencial ponto de falha.

O sucesso da Coreia do Norte em suas operações cibernéticas é um alerta brutal para o mundo. Ele demonstra como um Estado-nação isolado pode usar o ambiente digital para projetar poder e financiar suas ambições militares de forma assimétrica. A batalha contra esses grupos não pode mais ser travada apenas com firewalls e senhas mais fortes. Ela exige uma nova cultura de ceticismo e educação digital, onde cada clique e cada mensagem são tratados com a seriedade que a segurança nacional e pessoal agora exigem. A guerra cibernética já começou, e o campo de batalha é a sua tela.

Redação do Movimento PB

Redação do Movimento PB [NMG-OGO-08102025-A2B7C1-13P]