“Foi um Assalto Digital”: Especialista Comenta Ataque Hacker Milionário Contra Empresa Conectada ao PIX
Um “assalto digital” de proporções alarmantes abalou o sistema financeiro brasileiro na noite da última terça-feira (1º), quando a C&M Software, uma prestadora de serviços que conecta instituições financeiras ao Banco Central e ao PIX, foi alvo de um ataque hacker. Embora os valores exatos desviados ainda estejam sob investigação, <mark>estimativas iniciais apontam para quantias que podem variar entre R$ 400 milhões e mais de R$ 1 bilhão</mark>. O especialista em Tecnologia e Inovação, Arthur Igreja, em entrevista ao Jornal da CBN, destacou a gravidade do incidente, mas tranquilizou o público ao afirmar que os criminosos não conseguiram invadir contas de pessoas físicas ou jurídicas diretamente.
De acordo com Igreja, o modus operandi dos hackers foi bastante sofisticado. Eles invadiram os sistemas da C&M e, a partir daí, conseguiram acesso a seis das instituições financeiras clientes da empresa. O alvo principal foram as “contas reserva”, que são contas de equilíbrio utilizadas entre as próprias instituições financeiras. “Dessas contas, como são entre instituições financeiras, obviamente você tem ali recursos gigantescos, e foi ali que os hackers conseguiram tomar”, explicou Arthur Igreja aos âncoras Mílton Jung e Cássia Godoy. <mark>O objetivo final dos criminosos, após o desvio, era converter esses valores para criptomoedas</mark>, em uma tentativa de escapar da rastreabilidade do sistema financeiro tradicional e dificultar a recuperação dos ativos.
Rastreabilidade Digital e a Lição da Cibersegurança
Arthur Igreja enfatizou que o alerta sobre o assalto digital só foi possível graças à vigilância das operadoras de criptomoedas, que identificaram uma movimentação atípica de grandes volumes. Essa capacidade de rastreamento no ambiente digital é um contraste marcante com os assaltos tradicionais, que envolviam dinheiro físico e veículos. “Lembrando que foi um assalto digital, então não estamos falando de pacotes de dinheiro, caminhões e assalto a trens”, pontuou o especialista. Ele explicou que, como o dinheiro é digital, ele é rastreável, e os hackers precisavam agir rapidamente para tirar os valores do sistema tradicional, evitando que as transferências para contas de “laranjas” ou empresas fossem detectadas pelo Banco Central.
O incidente, segundo Igreja, levanta um debate crucial sobre a cibersegurança, especialmente em um sistema financeiro que tem a confiança do público como sua maior prerrogativa. “Nós tivemos um deslize que não é pequeno”, afirmou. O especialista ressaltou que, embora o Banco Central tenha implementado diversas inovações tecnológicas nos últimos anos, e as empresas do setor passem por testes e protocolos rigorosos, nunca é o suficiente. A lição que fica é a necessidade de constante vigilância e aprimoramento das defesas cibernéticas.
Arthur Igreja classificou a falha como “pontual” e “extraordinária”, mas advertiu que ela não pode ser minimizada. A percepção de infalibilidade pode ser perigosa em um cenário de ameaças cibernéticas em constante evolução. O ataque serve como um lembrete contundente de que, mesmo com as tecnologias mais avançadas e os protocolos mais rígidos, a segurança é um desafio contínuo que exige atenção e investimento permanentes. A repercussão do caso sublinha a responsabilidade de todas as partes envolvidas em proteger os dados e os recursos que circulam no ecossistema financeiro digital.
Da redação com informações de CBN [GM-20250706-1506]