Cyber Segurança

Hackers Iranianos Atacam Servidores de Tirana em Retaliação por Abrigo a Dissidentes

O grupo de hackers Homeland Justice, ligado ao Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica do Irã (IRGC), lançou um ciberataque contra a capital albanesa, Tirana, em 20 de junho de 2025, paralisando serviços municipais. Segundo a Politico, a ação foi uma retaliação pela Albânia abrigar cerca de 3.000 dissidentes iranianos do grupo Mujahedeen-e-Khalq (MEK), exilados em um acampamento em Manëz, próximo a Durrës. Os hackers declararam no Telegram que o ataque é “apenas o começo” e criticaram a Albânia por apoiar o grupo de oposição.

Contexto do Ciberataque

A Albânia, membro da OTAN desde 2009, hospeda membros do MEK desde 2013, a pedido dos EUA e da ONU. O grupo, com ideologia marxista-islamista, é considerado uma ameaça pelo regime iraniano devido às suas atividades de oposição. O ataque desativou o site da prefeitura de Tirana, interrompendo serviços como transporte, emissão de passaportes e licenças, e expôs dados pessoais de cerca de 800.000 residentes. A mensagem dos hackers, “os serviços de Tirana foram paralisados, e a escolha foi sua”, aponta para a hospedagem do MEK como motivo.

Histórico de Tensões

As relações entre Tirana e Teerã são tensas desde 2014, quando a Albânia acolheu o MEK. Em julho de 2022, um ciberataque atribuído ao Irã levou o governo albanês a romper relações diplomáticas com Teerã, uma medida inédita motivada por um ataque cibernético. A ação de 2025 reforça esse padrão, com o Homeland Justice vazando credenciais de login, dados de funcionários e informações de residentes. Em 2023, a polícia albanesa invadiu o acampamento do MEK, confiscando dispositivos eletrônicos por suspeita de atividades políticas proibidas, o que intensificou as tensões.

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Vulnerabilidades da Albânia

Edmond Liçaj, especialista em cibersegurança, criticou a “baixa sensibilidade” do governo albanês para proteger dados pessoais, apesar da digitalização de 95% dos serviços públicos. O ataque expôs fragilidades na infraestrutura digital do país, candidato à adesão à UE. A interrupção dos serviços municipais pode afetar a confiança pública e a governança, especialmente em um momento em que a Albânia busca fortalecer suas credenciais na OTAN e na UE.

Implicações Internacionais

O ciberataque ocorre em meio ao conflito entre Israel e Irã, iniciado em 12 de junho, com ataques americanos a instalações nucleares iranianas em 21 de junho. A ação contra a Albânia, aliada da OTAN, sugere que o Irã está expandindo suas operações cibernéticas para além do Oriente Médio, visando aliados ocidentais. Especialistas, como John Hultquist, da Mandiant, alertam que tais ataques podem se intensificar, especialmente com a estagnação das negociações sobre o acordo nuclear iraniano.

Perspectivas e Respostas

A Albânia, com apoio dos EUA e da OTAN, busca reforçar sua cibersegurança. Em 2022, o FBI e a CISA identificaram que hackers iranianos acessaram redes albanesas 14 meses antes de um ataque, indicando planejamento de longo prazo. O governo albanês não considerou invocar o Artigo 5 da OTAN, que poderia envolver aliados em uma resposta coletiva, mas a repetição de ataques pode mudar essa postura. O risco de novos vazamentos de dados e interrupções permanece, enquanto o Irã sinaliza que continuará pressionando países que abrigam seus opositores.

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Fontes: Politico, Reuters, BBC News, AP News, posts no X.

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