Cyber Segurança

Suspeito de Maior Ataque Hacker do Brasil se Apresentava com Desejo de “Recomeçar” nas Redes Sociais

Suspeito de Maior Ataque Hacker do Brasil se Apresentava com Desejo de “Recomeçar” nas Redes Sociais

O Brasil foi palco do que pode ser o maior ataque hacker de sua história, com um desvio que já soma R$ 541 milhões e pode atingir a cifra de R$ 3 bilhões. No centro dessa investigação está João Nazareno Roque, de 48 anos, operador de TI da C&M Software. Detido na última quinta-feira (3/7) pela Polícia Civil de São Paulo (PCSP), Roque tinha um perfil no LinkedIn que contrastava com as acusações, apresentando-o como alguém com “vontade de recomeçar com brilho nos olhos e disposição de um menino”.

Na rede social profissional, Roque se identificava como desenvolvedor back-end júnior. Sua biografia detalhava uma experiência prévia de 20 anos como eletricista predial e residencial, além de habilidades em leitura e interpretação de projetos no AutoCad. No LinkedIn, ele expressava um desejo de mudança de vida, mencionando ter ingressado em um curso superior e buscando uma recolocação no mercado de trabalho em áreas que considerava suas “paixões profissionais”. Essa autoapresentação proativa e otimista contrasta fortemente com o grave crime do qual é suspeito.

Ataque Hacker e o Papel do “Insider”

O ataque cibernético massivo ocorreu por meio da invasão aos sistemas da C&M Software, uma empresa que atua como terceirizada para instituições financeiras. A C&M é responsável pela mensageria com o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), que abrange o ambiente de liquidação do Pix, o sistema de transferências e pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central (BC) em 2020. A investigação aponta que Roque atuou como um “insider”, confessando ter concedido acesso a dados sigilosos a criminosos que o teriam aliciado.

Segundo a Polícia Civil, as apurações indicaram que João Nazareno Roque facilitou “que demais indivíduos realizassem transferências eletrônicas em massa, no importe de R$ 541 milhões, para outras instituições financeiras”. Essa facilitação teria ocorrido após ele fornecer sua senha a outros operadores envolvidos no esquema. As autoridades continuam as investigações para identificar e prender todos os suspeitos envolvidos no ataque hacker. Paralelamente, um segundo inquérito sobre o caso foi instaurado pela Polícia Federal (PF), demonstrando a gravidade e a complexidade da fraude.

Como medida preventiva e para conter os danos, o Banco Central determinou o desligamento das conexões da C&M com as instituições financeiras afetadas. A BMP, uma das empresas impactadas, informou que o ataque atingiu apenas recursos de sua conta reserva no BC, e reforçou que nenhum de seus clientes foi prejudicado. Este incidente destaca a vulnerabilidade dos sistemas digitais, mesmo aqueles que sustentam a infraestrutura financeira de um país, e a importância crítica da segurança da informação para evitar prejuízos bilionários e manter a confiança pública.


Da redação com informações de Metrópoles    [GM-20250706-1050]