O que é a Nuvem Soberana?
A Nuvem Soberana é uma infraestrutura de computação em nuvem privada desenvolvida pelo Serpro para armazenar e gerenciar dados sensíveis e estratégicos do governo federal brasileiro. Ela combina a infraestrutura pré-existente do Serpro com equipamentos de última geração adquiridos de grandes empresas de tecnologia (big techs), como AWS, Google, Huawei, Oracle e Microsoft. Esses equipamentos estão sendo instalados nos datacenters do Serpro em Brasília e São Paulo. O objetivo principal é garantir a soberania dos dados, ou seja, assegurar que o governo brasileiro mantenha controle exclusivo sobre as informações, mesmo utilizando tecnologias estrangeiras.
A analogia usada pelo presidente do Serpro, Alexandre Amorim, compara a Nuvem Soberana a um conjunto de cofres: as big techs fornecem a tecnologia (os cofres), mas apenas o governo possui as chaves para acessá-los. Isso significa que os dados armazenados são protegidos e gerenciados exclusivamente pelo Serpro, sem interferência externa.
Por que a Nuvem Soberana foi criada?
A criação da Nuvem Soberana responde a duas necessidades principais:
- Demanda por flexibilidade e eficiência: Anteriormente, o Serpro armazenava os dados do governo federal em seus próprios datacenters (modelo on premises), mas os clientes governamentais passaram a exigir a escalabilidade e a flexibilidade oferecidas pela computação em nuvem. A Nuvem Soberana moderniza esse serviço, mantendo a segurança como prioridade.
- Exigência legal: Desde abril de 2023, a Portaria 5.960/23, emitida pela Secretaria de Governo Digital do Ministério da Gestão, determinou que dados sensíveis ou estratégicos do governo federal devem ser migrados para uma nuvem de governo gerida por empresas públicas. Apenas dados sem restrição de acesso podem permanecer em nuvens comerciais tradicionais. A Nuvem Soberana foi desenvolvida para cumprir essa norma, oferecendo um ambiente seguro e controlado.
Como funciona a Nuvem Soberana?
A Nuvem Soberana integra tecnologia de ponta das big techs à infraestrutura do Serpro. Os principais aspectos de seu funcionamento incluem:
- Equipamentos: Foram adquiridos equipamentos de última geração, como o AWS Outpost (chegou em outubro de 2023) e o Google Distributed Cloud (GDC) Air-Gapped (chegou em dezembro de 2023), além de soluções da Huawei, Oracle e Microsoft. Esses dispositivos estão sendo configurados nos datacenters do Serpro.
- Cronograma:
- A primeira “stack” (conjunto de equipamentos) será ativada em março de 2024.
- Outras stacks entrarão em operação em maio e junho de 2024.
- Migração de dados: Dados sensíveis já começaram a ser transferidos da nuvem pública do Serpro (lançada em 2023) para essa nova nuvem privada. Esse processo é gradual e segue as diretrizes da Portaria 5.960/23.
- Alta demanda: Cerca de 86% da primeira stack e 63% da segunda stack já estão contratadas, indicando forte adesão dos órgãos governamentais.
Como a soberania dos dados é garantida?
A soberania dos dados é um dos pilares da Nuvem Soberana. Apesar de utilizar tecnologias de empresas estrangeiras, o controle permanece com o governo brasileiro por meio das seguintes medidas:
- Localização física: Os datacenters estão em território nacional (Brasília e São Paulo), sob gestão do Serpro.
- Acesso exclusivo: Apenas o governo detém as “chaves” de segurança, ou seja, os mecanismos de criptografia e autenticação que protegem os dados. As big techs fornecem os equipamentos, mas não têm acesso às informações armazenadas.
- Transferência de conhecimento: O Serpro está adquirindo expertise para operar e manter essa infraestrutura, reduzindo a dependência de terceiros ao longo do tempo.
Essa abordagem é comparada a comprar os melhores “cofres” do mercado, mas garantir que só o dono (o governo) saiba como abri-los.
Investimento e escala
O Serpro investiu R$ 700 milhões na Nuvem Soberana, combinando sua infraestrutura existente com a aquisição de novos equipamentos. Esse montante reflete a escala do projeto, que visa atender 90% dos sistemas estruturantes do governo federal, como os dados da Receita Federal, entre outros. A iniciativa posiciona o Brasil com uma tecnologia comparável à usada pelo governo dos Estados Unidos, segundo Amorim.
Benefícios da Nuvem Soberana
A Nuvem Soberana oferece vantagens significativas ao governo brasileiro:
- Segurança aprimorada: Proteção contra vazamentos, corrupção de dados ou uso indevido de informações sensíveis.
- Soberania nacional: Controle total sobre dados estratégicos, mantendo-os sob jurisdição brasileira.
- Escalabilidade: Capacidade de adaptação às crescentes demandas do governo.
- Conformidade legal: Atendimento às normas de segurança de dados impostas pela Portaria 5.960/23.
- Eficiência: Melhor gestão de recursos e potencial redução de custos operacionais a longo prazo.
Conclusão
A Nuvem Soberana do Serpro é uma resposta estratégica às demandas por segurança, soberania e modernização na gestão de dados do governo federal. Com um investimento robusto, parcerias com as maiores empresas de tecnologia do mundo e um cronograma claro de ativação (iniciando em março de 2024), o projeto consolida o papel do Serpro como protagonista na infraestrutura de TI pública do Brasil. A analogia dos “cofres” resume bem o conceito: as big techs fornecem a tecnologia, mas o governo brasileiro é o único com a chave, garantindo que os dados sensíveis permaneçam protegidos e sob controle nacional.
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Fonte: Agência Brasil