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Guerra de Narrativas: Como IA Inunda o Conflito Israel-Irã

A Nova Arma: Desinformação em Escala

Desde o início dos ataques entre Israel e Irã, uma nova frente de batalha foi aberta: a digital. Uma onda “surpreendente” de desinformação, em grande parte criada com Inteligência Artificial (IA), inundou as redes sociais, buscando manipular a percepção pública sobre a eficácia das respostas militares de ambos os lados.

Análises da BBC Verify revelaram dezenas de postagens falsas, incluindo vídeos gerados por IA que exaltam a capacidade militar iraniana e clipes fakes que supostamente mostram a destruição de alvos israelenses. Três dos vídeos falsos mais populares, por exemplo, somaram mais de 100 milhões de visualizações em diversas plataformas, mostrando o poder de alcance dessa nova tecnologia.

As Táticas da Guerra Digital

A tática marca a primeira vez que a IA generativa é usada em larga escala durante um conflito militar. Contas nas redes sociais compartilham imagens criadas artificialmente que buscam exagerar o sucesso dos ataques, como uma imagem com 27 milhões de visualizações que mostrava dezenas de mísseis caindo sobre a cidade de Tel Aviv. As principais técnicas incluem:

  • Vídeos Gerados por IA: Cenas que exaltam a capacidade militar de um lado ou mostram ataques fakes a alvos inimigos.
  • Clipes de Videogames: Imagens de simuladores de voo são apresentadas como se fossem combates aéreos reais.
  • Conteúdo Reciclado: Vídeos antigos de outros conflitos ou protestos são reutilizados com legendas falsas para parecerem atuais.
  • Imagens Falsas: Fotos criadas por IA mostrando equipamentos sofisticados destruídos, como caças F-35, que na realidade não foram atingidos.
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Quem Está por Trás dos Fakes?

As motivações por trás da criação desse conteúdo são variadas. Especialistas apontam para os chamados “caçadores de engajamento”, contas que buscam lucrar com o conflito compartilhando conteúdo sensacionalista para atrair visualizações, que podem ser monetizadas em plataformas como o X (antigo Twitter) e o TikTok.

Além do lucro, há indícios de operações de influência. A empresa de análise Alethea identificou que parte do foco em desacreditar os caças F-35, fabricados nos EUA, vem de uma rede de contas previamente ligada a operações de influência da Rússia, cujo objetivo seria semear dúvidas sobre a capacidade de armamentos ocidentais.

As Plataformas e a Luta Contra a Verdade

A maior parte da desinformação foi disseminada no X, onde alguns usuários chegaram a usar o chatbot da própria plataforma, o Grok, para verificar a veracidade dos posts. Em vários casos, no entanto, o próprio Grok insistiu que vídeos gerados por IA eram reais, citando reportagens de fontes confiáveis e confundindo ainda mais os usuários.

O TikTok removeu algumas das imagens após ser contatado pela BBC, afirmando que suas diretrizes proíbem conteúdo falso. A Meta, dona do Instagram, não respondeu aos pedidos de comentário.

O Impacto na Percepção da Realidade

Embora os criadores de fakes tenham suas próprias motivações, o conteúdo é amplamente compartilhado por usuários comuns. Pesquisadores apontam que a desinformação se espalha mais rapidamente quando as pessoas se deparam com escolhas binárias, como as levantadas por conflitos e disputas políticas.

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O conteúdo sensacionalista e emocional, que confirma a identidade política de uma pessoa, tende a ser compartilhado de forma impulsiva. O resultado é um ambiente informativo caótico, onde distinguir o fato da ficção se torna uma tarefa cada vez mais difícil, impactando diretamente a compreensão sobre um dos conflitos mais delicados do cenário global atual.

Com informações de BBC internacional

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