Cyber SegurançaInteligência ArtificialTecnologia

Mais de 38 mil domínios falsos são usados em golpe global para roubar criptomoedas

Mais de 38 mil domínios falsos são usados em golpe global para roubar criptomoedas

Campanha de phishing em larga escala usa manipulação de SEO e plataformas gratuitas para enganar usuários e drenar carteiras digitais

Uma operação global de phishing voltada para o roubo de criptomoedas vem atuando há anos na internet com um impressionante nível de sofisticação. Segundo pesquisadores das empresas de segurança cibernética SentinelOne e Validin, o esquema — apelidado de FreeDrain — já utilizou mais de 38 mil subdomínios para enganar usuários e obter ilegalmente as seed phrases (palavras-chave de recuperação) de carteiras digitais.

O golpe opera de forma silenciosa, utilizando técnicas de manipulação de SEO (otimização de mecanismos de busca) e hospedagem em serviços gratuitos como GitHub.io, Webflow.io e Gitbook.io. Ao buscar termos como “saldo da carteira Trezor” no Google ou outros buscadores, a vítima encontra links aparentemente legítimos que a direcionam para páginas armadilha, visualmente idênticas às de carteiras de criptomoedas.

O processo é projetado para ser “fricção zero”, segundo os pesquisadores, misturando elementos gráficos conhecidos com a confiança natural em grandes plataformas. O usuário é induzido a clicar e inserir suas informações sensíveis. Uma vez informada a seed phrase, os fundos são transferidos automaticamente e em poucos minutos para contas controladas pelos golpistas.

As páginas falsas são frequentemente hospedadas em nuvens como Amazon S3 e Azure Web Apps, aumentando o desafio para autoridades e especialistas que tentam derrubar a rede.

Inteligência artificial e spam em massa

A investigação também aponta que os golpistas estão usando inteligência artificial generativa, como modelos de linguagem baseados em GPT-4, para criar os textos das páginas falsas, multiplicando a escala do golpe. Outro método utilizado é o spamdexing, que consiste em invadir sites com baixa manutenção e inserir milhares de comentários com links para aumentar a visibilidade dos domínios fraudulentos nos mecanismos de busca.

Análises de horários de atividades e commits em repositórios do GitHub sugerem que os operadores estão localizados em zonas com o fuso horário da Índia (IST), e atuam em horários comerciais.

Outros golpes sofisticados continuam ativos

A revelação sobre o FreeDrain ocorre em meio a outros golpes semelhantes que exploram vulnerabilidades de usuários de criptomoedas. Um deles é o Inferno Drainer, uma plataforma criminosa de “Drainer-as-a-Service” que teria causado prejuízos de pelo menos US$ 9 milhões entre setembro de 2024 e março de 2025. Embora o grupo tenha anunciado seu encerramento no final de 2023, pesquisadores confirmaram que o serviço continua ativo e utiliza contratos inteligentes efêmeros e criptografia em cadeia para dificultar sua detecção.

Outro caso recente envolve uma campanha maliciosa que usa anúncios no Facebook para atrair vítimas, simulando empresas legítimas como Binance e TradingView. O golpe direciona o usuário a sites clonados e instala malware através de um programa que simula o navegador Microsoft Edge, mas que opera em segundo plano coletando informações do sistema.

Risco contínuo e dificuldade de contenção

Especialistas alertam que, enquanto plataformas gratuitas não implementarem proteções mais robustas, campanhas como o FreeDrain continuarão a explorar essas ferramentas em larga escala. A natureza descentralizada e a velocidade com que essas operações se adaptam a derrubadas tornam a tarefa de combate especialmente complexa.

“Esses golpes representam um novo modelo de operação de phishing em escala industrial, difícil de interromper e fácil de reconstruir”, destacam os pesquisadores.



Descubra mais sobre Movimento PB

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.