Reator nuclear em Iperó, com R$ 926 mi até 2026, trará autossuficiência em radioisótopos para saúde e agricultura.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) deu início às obras de infraestrutura do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) nesta segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025, em Iperó, interior de São Paulo. Considerado o maior centro de pesquisa nuclear do país, o projeto promete impactar áreas como medicina, agricultura, indústria e meio ambiente, além de contribuir para o programa de submarinos nucleares da Marinha. O investimento previsto até 2026 é de R$ 926 milhões, com mais de R$ 300 milhões já contratados em 2024.
O RMB contará com um reator de pesquisa que utilizará radiações para diversas aplicações práticas. Na área da saúde, o equipamento será decisivo para garantir a autossuficiência na produção de radioisótopos, como o Molibdênio-99, essencial para obter o Tecnécio-99m, amplamente usado em diagnósticos médicos. “Vamos reduzir riscos de desabastecimento, diminuir custos e ter melhores condições para atender a população”, afirmou a ministra Luciana Santos durante a cerimônia de lançamento das obras, destacando o uso desses materiais em medicamentos para tratar o câncer.
Além da medicina, o reator terá utilidade na agricultura, ao possibilitar técnicas de irradiação para melhorar sementes e controlar pragas, e na indústria, com testes de materiais sob radiação. O projeto também servirá à pesquisa ambiental e ao desenvolvimento de combustíveis nucleares, incluindo os destinados ao submarino nuclear brasileiro, em andamento no Centro Industrial Nuclear de Aramar, vizinho ao RMB. A iniciativa ainda abre caminho para avanços em tecnologias como os pequenos reatores modulares (SMR), considerados uma tendência na geração de energia.
A ministra visitou o local acompanhada de autoridades e celebrou o início das obras, que têm previsão de conclusão em cinco anos. Segundo o MCTI, o RMB permitirá a nacionalização de outros radioisótopos usados em diagnósticos e terapias, reduzindo a dependência de importações e fortalecendo a capacidade tecnológica do país. A proximidade com o centro da Marinha em Iperó reforça a sinergia entre os projetos, ampliando seu alcance estratégico.
Com um aporte robusto, o Reator Multipropósito Brasileiro é visto como um marco na ciência nacional. A combinação de benefícios em saúde pública, segurança alimentar e inovação tecnológica posiciona o empreendimento como um passo significativo para o desenvolvimento sustentável e a soberania do Brasil em energia nuclear.
—
Foto: Rodrigo Cabral (ASCOM/MCTI)
Texto adaptado de Agência Brasil e revisado pela nossa redação.