Segurança quântica inviolável agora cabe na ponta do seu dedo: nasce o ‘dado de Deus’ em um chip

Pesquisadores miniaturizam gerador de números aleatórios quântico, uma tecnologia que cria aleatoriedade perfeita e inviolável, abrindo caminho para uma nova era de segurança em celulares, notebooks e em toda a internet.
A segurança digital como a conhecemos está prestes a se tornar obsoleta, e a solução para o futuro acaba de ser reduzida ao tamanho de um chip. Pesquisadores do Laboratório de Pesquisa da Toshiba, no Reino Unido, alcançaram um marco na computação quântica: eles criaram o primeiro gerador de números aleatórios quântico miniaturizado, uma peça de tecnologia capaz de criar aleatoriedade verdadeiramente imprevisível e, portanto, uma criptografia teoricamente inquebrável. O avanço, que finalmente venceu o desafio do tamanho, promete levar a segurança de nível quântico para dentro dos nossos dispositivos do dia a dia, como celulares e notebooks.
[Imagem: Peter Smith et al. – 10.1364/opticaq.570625]Chips
Toda a segurança digital, desde a senha do seu e-mail até as transações bancárias, depende de números aleatórios para criar as chaves de criptografia. O problema é que os computadores atuais não geram aleatoriedade de verdade; eles usam algoritmos que apenas “imitam” o caos, criando sequências que, com poder computacional suficiente, podem ser previstas e quebradas. A tecnologia quântica, por outro lado, explora as propriedades bizarras da física em nível subatômico para gerar números genuinamente aleatórios, como se estivéssemos jogando um “dado de Deus”.
Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos…
Imagine que a sua senha do banco é criada a partir de um número “secreto”. Se esse número for gerado por um computador normal, ele segue uma lógica. Um hacker superpoderoso poderia, teoricamente, fazer a “engenharia reversa” dessa lógica e descobrir o número secreto. Já um gerador de números aleatórios quântico funciona de forma diferente. Ele mede o comportamento imprevisível de partículas de luz (fótons). É como tentar prever o resultado de um dado que, a cada lançamento, muda suas próprias regras de forma caótica e imprevisível. Essa aleatoriedade “perfeita” cria chaves de criptografia que são, em teoria, impossíveis de serem quebradas, garantindo uma segurança inviolável.
Velocidade e robustez para um mundo conectado
Até agora, os geradores quânticos eram equipamentos grandes e sensíveis, restritos a laboratórios. A grande inovação da equipe da Toshiba foi miniaturizar todos os componentes ópticos em um único chip fotônico, sem perder a performance. O novo dispositivo é capaz de gerar números aleatórios a uma taxa de 3 gigabits por segundo, velocidade suficiente para atender às necessidades de segurança de data centers gigantescos, além de aplicações em inteligência artificial e até em jogos online e loterias digitais, garantindo a total imparcialidade dos resultados.
Além do tamanho e da velocidade, o chip resolveu outro grande obstáculo: o “ruído”. Em sistemas tão pequenos, interferências externas podem corromper o sinal quântico. A nova arquitetura, no entanto, possui uma capacidade integrada de rejeitar esse ruído, gerando um sinal limpo desde o início. “Isso significa que podemos manter os benefícios de uma plataforma miniaturizada e, ao mesmo tempo, gerar números verdadeiramente aleatórios em alta velocidade”, explica o pesquisador Raymond Smith. É a peça que faltava para tirar a segurança quântica do laboratório e colocá-la na palma da nossa mão.
A criação deste chip não é apenas um avanço incremental; é um salto quântico na forma como protegeremos nossa vida digital. Em um futuro próximo, cada celular, cada notebook e cada dispositivo conectado à internet poderá ter dentro de si um pequeno pedaço do caos fundamental do universo, garantindo um nível de privacidade e segurança que, até hoje, pertencia apenas ao campo da ficção científica.
Redação do Movimento PB
Redação do Movimento PB [NMG-OGO-10102025-A9B4C1-13P]
